
As teorias mirabolantes encontraram um lugar confortável para se disseminar com as redes sociais. Entre elas, está o medo irracional das radiações — mesmo que seja impossível escapar de todas as formas de radiação, sendo a luz solar uma delas. Por muito tempo, os micro-ondas foram acusados de causar câncer. Em seguida, os celulares foram considerados potenciais cancerígenas. Mais recentemente, o alvo é a quinta geração da telecomunicação móvel, o 5G.
De fato, a tecnologia do 5G é muito nova — ela começou a ser implementada no Brasil no segundo semestre do ano passado — e faltam abrangentes estudos específicos sobre ela. Por exemplo, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), que é parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), deve divulgar um extenso relatório sobre os possíveis riscos de exposição apenas em 2025.
Só que isso não significa que o 5G foi implementado sem nenhuma garantia de segurança. Na verdade, as agências reguladoras sabem que, por mais nova que seja, a radiação emitida é a não ionizante, sem relação direta aos casos de câncer, em baixos níveis de exposição.
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Hoje, a tecnologia funciona, em todo o mundo, respeitando os limites estabelecidos pela Comissão Internacional de Proteção contra a Radiação Não Ionizante (Icnirp) — o órgão internacional que define as taxas limites de exposição aos campos eletromagnéticos usados por aparelhos sem fio, como celulares, para os humanos.
No geral, são usados campos eletromagnéticos de radiofrequência para possibilitar a comunicação entre celulares e estações de base. Os aparelhos da segunda, terceira e quarta geração (2G, 3G, 4G) emitem radiofrequência na faixa de frequência de 0,7 a 2,7 GHz. Enquanto isso, o 5G usa o espectro de frequência de até 80 GHz.
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“Todas essas frequências caem na faixa não ionizante do espectro [eletromagnético], que é de baixa frequência e de baixa energia”, explica o National Cancer Institute, em artigo. Inclusive, essa energia não é suficiente para danificar o DNA. As ondas emitidas pelas TVs, rádios e fornos micro-ondas também são não ionizantes.
Por outro lado, a radiação ionizante — o que inclui o raio-X, o radônio, a luz ultravioleta (UV) e os raios cósmicos — é de alta energia. Nesses casos, são conhecidas as suas capacidade em causar danos ao DNA, o que aumenta o risco de câncer.
Se há algum risco conhecido associado com a emissão de radiação de radiofrequência, é o do aquecimento. Por exemplo, a região em que um celular é segurado pode aquecer, como a orelha ou ainda as coxas (próximo ao bolso da calça).
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No entanto, “esse aquecimento não é suficiente para aumentar de forma mensurável a temperatura central do corpo”, explica o National Cancer Institute. Além deste, “não há outros efeitos perigosos para a saúde claramente estabelecidos no corpo humano da radiação de radiofrequência”, afirma, considerando os limites pré-estabelecidos.
“Até o momento, e depois de muitas pesquisas realizadas, nenhum efeito adverso à saúde foi causalmente relacionado à exposição a tecnologias sem fio”, afirma a OMS. Pensando no 5G, a organização concorda que a maioria dos estudos disponíveis, hoje, não são específicos, mas as informações disponíveis apontam para a segurança.
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Neste cenário, “o aquecimento tecidual é o principal mecanismo [conhecido] de interação entre os campos de radiofrequência e o corpo humano”, afirma a OMS. Só que “os níveis de exposição à radiofrequência das tecnologias atuais resultam em um aumento de temperatura insignificante no corpo humano”, completa.
Fonte: OMS, IARC e National Cancer Institute