
As vendas da Apple na China caíram mais do que o esperado no último trimestre, ofuscando resultados que, de outra forma, seriam sólidos para a fabricante do iPhone. A receita no país asiático recuou 2,3%, para US$ 16 bilhões no segundo trimestre, encerrado em março, segundo comunicado da empresa divulgado nesta quinta-feira. Analistas previam US$ 16,83 bilhões.
As vendas totais subiram 5%, para US$ 95,4 bilhões, superando a estimativa média de US$ 94,6 bilhões. O lucro líquido do período foi de US$ 24,8 bilhões, um aumento de quase 5% em relação ao trimestre de janeiro a março do ano passado. As vendas do iPhones cresceram 2% no período.
Apesar do aumento no lucro e nas vendas, os resultados foram vistos como um sinal preocupante para uma empresa que enfrenta desafios ainda maiores nos próximos meses. A produção da Apple, fortemente concentrada na China, a torna especialmente vulnerável às tarifas anunciadas pela administração Trump.
Além disso, a empresa tem tido dificuldades para manter sua base de clientes no país asiático, um de seus maiores mercados fora dos Estados Unidos.
As ações da Apple caíram cerca de 2% nas negociações após o fechamento do mercado regular, depois da divulgação dos resultados. No acumulado do ano até o fechamento de quinta-feira, os papéis já haviam recuado 15%.
A fabricante do iPhone também anunciou planos para aumentar seu programa de recompra de ações em US$ 100 bilhões e elevar em 4% seu dividendo trimestral, para US$ 0,26 por ação.
A companhia tem enfrentado uma série de desafios para além das tarifas. A Apple está tentando recuperar terreno na área de inteligência artificial, o que a forçou a promover mudanças em sua gestão nas últimas semanas.
A empresa de Cupertino também enfrenta uma pressão regulatória crescente tanto na União Europeia quanto nos Estados Unidos. Ontem, uma juíza federal determinou que a empresa abra sua App Store a opções de pagamento de terceiros e pare de cobrar comissões sobre compras externas.
Os resultados da empresa ocorrem em um período de extrema incerteza para a fabricante do iPhone, que está presa nas correntes turbulentas em torno da política comercial e da crescente tensão geopolítica.
A Apple é vista como uma das empresas mais impactadas pelas tarifas, dada sua cadeia de suprimentos fortemente dependente da China, Vietnã e Índia, onde busca aumentar sua produção anual de iPhones.
Embora as isenções tarifárias para smartphones e outros eletrônicos tenham permitido à Apple evitar o pior cenário possível, a situação permanece instável, o que obscurece ainda mais as perspectivas da empresa.
— As isenções (tarifárias) deram à Apple algum fôlego, mas ela continua na berlinda, e ainda há muita coisa difícil de prever — disse Kevin Cook, estrategista sênior da Zacks Investment Research.
— Mesmo que a gente desconsidere como tudo pode mudar com cada postagem no Truth Social, não sabemos como quantificar o impacto nas margens, nos custos ou no crescimento — só podemos dizer que pode ser significativo. Tenho certeza de que isso está tirando o sono de muita gente — afirmou.
Abril foi um mês de enormes oscilações para as ações. A ação caiu mais de 20% em um período de quatro dias — a maior queda desde outubro de 2000 — e imediatamente em seguida teve seu maior ganho diário desde 1998. Embora tenha se recuperado mais de 20% em relação à mínima de abril, caiu 4,3% no mês. A ação caiu 0,2% na quinta-feira.