
Fim de ano é época de assistir filmes-família, as famosas romcoms açucaradas em que o amor é encontrado às vésperas do Natal. Mas no hemisfério Norte também há a cultura de produzir e assistir a filmes de terror nessa época, por isso, pensando nessa demanda, os distribuidores já fazem suas apostas desde antes. De olho nessa abertura de mercado, os distribuidores brasileiros também começaram a apostar em títulos mais sombrios para as últimas semanas do ano, um nicho que vem crescendo principalmente dentre o público jovem. E o grande lançamento para esse fim de ano para aqueles que curte o gênero é ‘Natal Sangrento’, remake do sucesso homônimo de 1984.

Quando era criança, Billy (Logan Sawyer) viu seu avô ser morto de maneira misteriosa enquanto o visitava em uma casa de repouso. Na saída, já no carro, testemunhou seus pais serem assassinados por um homem vestido de Papai Noel. Anos depois, o hoje adulto Billy Chapman (Rohan Campbell, de ‘Halloween Ends: O Acerto de Contas Final’) não possui nenhum trauma desses eventos trágicos de sua vida, pelo contrário: acredita que, de alguma forma, o legado daquele assassino tenha passado para ele, pois, desde aquele dia Billy acredita ter uma missão de punir as pessoas que se comportam mal o ano inteiro, uma pessoa por dia em dezembro inteiro, tal qual Papai Noel.
Escrito e dirigido por Mike P. Nelson (que também dirigiu ‘Pânico na Floresta: A Fundação’) a nova leitura desse clássico de terror natalino propõe um olhar interessante sobre o original, trazendo um elemento sobrenatural à trama e uma abordagem atualizada para os nossos tempos. Para além do terror slasher que dá a base do longa, Mike P. Nelson também faz bom uso do humor para balancear a paranoia de seu protagonista, ora fazendo-o passar por situações absurdas e hilárias, ora aliviando a tensão da violência com elementos contrastantes.
A dupla protagonista Rohan Campbell e Ruby Modine (de ‘A Morte Te Dá Parabéns 2’) entrega química e sintonia ao construírem uma história de romance natalina bem aos moldes das romcoms dessa época do ano, mas com tons sombrios o suficiente para conduzir o espectador àquele tipo de enganação que a gente adora cair, mesmo que, no fundo, saibamos a verdade. Carismáticos, mesmo fazendo as coisas erradas a gente tende a torcer pelo protagonista e pela mocinha, ainda que saibamos que ela vai se meter numa furada.
Se o romance dá o panorama em ‘Natal Sangrento’, é na parte do terror que o longa se sobressai em criatividade e humor sombrio. Para poder completar seu calendário de tarefas (ou seja, matar uma pessoa por dia) ao longo do mês de dezembro, Billy encontra justificativas das mais surreais para se auto-autorizar à matança – e as cenas em que as vítimas são mortas espalham sangue à altura dos anseios dos fanáticos por terror. Para quem quiser pescar, há até referências a um determinado filme de Quentin Tarantino.
Mesmo em se tratando de uma releitura de uma obra já realizada (e refeita novamente em 2012), a nova versão de ‘Natal Sangrento’ entretém seu público com uma boa dose de diversão para esse fim de ano. Entretanto, para os mais sensíveis a cenas de mortes violentas, fica o aviso. E fica também o anseio para que se torne uma boa franquia de terror.
