
Entre a Caatinga e a Mata Atlântica nasceu a escrita de Luciany Aparecida, professora, romancista e vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2023 com Mata Doce. Filha e neta de professoras, criada em uma família de leitores em meio à roça, Luciany aprendeu cedo que o livro podia ser abrigo e ferramenta de liberdade. Mas só depois dos 40 anos passou a publicar, um percurso que traduz as barreiras que ainda atravessam as mulheres negras no campo literário brasileiro.
Nesta entrevista, ela fala sobre ancestralidade, território, resistência e afeto. Com a serenidade de quem escreve a partir da terra e das memórias, reflete sobre o poder da ficção diante da necropolítica, sobre a urgência de ampliar o imaginário das infâncias e sobre a amorosidade como força de transformação. “O Brasil precisa aprender a amar, e a melhor oportunidade para isso é lendo mulheres negras”, afirma.
Aparecida esteve no ultimo domingo (2) na 71ª Feira do Livro de Porto Alegre, juntamente com as escritoras Eliane Marques e Andrea del Fuego, onde debateram suas trajetórias, os desafios da escrita e o reconhecimento no meio literário, com a mediação de Lilian Rocha.
Brasil de Fato – Gostaria de começar com tu nos contando um pouco da tua trajetória.
Luciany Aparecida – A minha trajetória é uma trajetória que diz de um lugar de muitas mulheres/ aquele lugar de alguém que começou a escrever muito cedo, mas que passou a publicar só depois dos 40 anos. Acho que, infelizmente, essa ainda é uma estatística que diz sobre o lugar das mulheres no campo da publicação no Brasil. E, se a gente pensa em mulheres negras, mais ainda: existe essa demora. A gente tem muitas mulheres escrevendo, mas nem todas publicando.
Eu sou alguém que se inclina para a escrita literária desde a infância. Comecei a escrever num diário aos 11 anos, e ali já fazia contos pequenininhos, poemas. Com o passar do tempo, fui me encontrando nesse lugar de escrever e entendendo que aquilo era uma possibilidade para mim. Entendi primeiro que era uma possibilidade como professora, porque amo literatura, e pensei: “Vou seguir carreira acadêmica”, até porque outras possibilidades de trabalho não deram certo também.
Eu venho de uma comunidade rural, e para mim ter concluído o ensino médio já foi um ápice. Naquele momento, imaginei: “Está tudo certo com a minha vida, terminei o ensino médio, agora vou procurar um emprego de balconista, e isso seria incrível”, porque já estaria rompendo um pouco com a tradição das mulheres que iam trabalhar como empregadas domésticas ou na roça. São dois trabalhos muito dignos, mas estou falando de mobilidade social.
Aí entrei na universidade, cursei Letras e segui carreira acadêmica, mas só muito depois fui publicar. Recentemente, publiquei meu primeiro romance pelo selo Alfaguara, da Companhia das Letras. Chegar nesse eixo sudestino que, infelizmente, ainda concentra a visibilidade da carreira literária, deu outra dimensão ao meu trabalho. Principalmente depois do Prêmio São Paulo de Literatura: Mata Doce foi o romance vencedor no ano passado, e posso dizer que minha carreira tem um antes e um depois desse prêmio. Isso foi muito importante.

E tua família, nessa construção, qual foi o sentido da leitura?
Eu venho de uma família de pessoas leitoras, essa grande contradição no Brasil, uma família pobre e leitora, o que não é o convencional. Às vezes, é mais comum ouvir que famílias pobres não leem, mas a minha é de pessoas leitoras, muito influenciada pela minha avó e pelo meu avô.
Minha avó, que está viva com 100 anos, começou a dar aula no comecinho do século XX. Ela é de 1925 e começou a lecionar na década de 1940. Amava a leitura e influenciou muita gente a ler, inclusive nossa família. Então minha avó lia, minha mãe é uma grande leitora, minhas tias todas leem, e eu cresci vendo aquelas mulheres adultas lendo. Eu queria imitá-las, queria ser como elas. Meu avô também gostava de ler.
Minha avó foi professora alfabetizadora, minha mãe também foi professora, e meu avô trabalhava na zona rural, na lavoura da mandioca, para a subsistência da família. Ele gostava de poesia. Desde pequena entendi que a escrita e a leitura literária eram direito de todos, que não estavam associadas à classe social nem à cor da pele. Esse núcleo familiar me inspirou muito e me ensinou que todas as pessoas podem ler e escrever. Minha avó também escrevia muito, e isso foi fundamental para mim.
Eles me influenciam até hoje. Minhas tias e minha mãe vão a todos os lançamentos dos meus livros. Minha primeira publicação foi em 2017, pela editora Paralelo 13S, em Salvador, e toda a família sempre esteve presente. Todo mundo é muito empolgado com a arte, não estão alheios a isso, pelo contrário. Às vezes as pessoas acham que, por eu vir de uma família pobre, não houve incentivo à leitura, mas é o oposto: todos me influenciaram. É como a gente dizia agora há pouco, minha família está fora da curva. Ainda bem.
Como tua origem e a geografia influenciaram tua escrita, principalmente em Mata Doce?
Totalmente. Eu venho de uma geografia muito privilegiada, uma área de transição entre a Caatinga e a Mata Atlântica. É espetacular ver o mundo a partir dessa perspectiva de uma comunidade rural, desse encontro. É mágico, ampliador.
Essa geografia, associada ao contato com a arte, me inspirou muito. Desenvolvi muitos desejos de escrita por conta disso. É assombroso viver tão perto de uma natureza assim. Há muita cerimônia: tem horário da noite em que você não pode sair, tem uma árvore específica perto da qual não se pode passar de qualquer jeito… Tudo isso cria uma aura mágica ao redor, especialmente para uma criança criada ali. Poder desenvolver isso pela arte foi incrível. Eu não solto a mão da geografia no meu momento de criação literária, ao contrário, me inspiro nela para escrever.

O que significa ser uma mulher negra escritora num país onde o racismo ainda é tão forte e as vozes negras ainda enfrentam silenciamento, mesmo com o boom recente de autoras e autores negros?
É super delicado. A gente vive num país em que o racismo é muito forte e ocupa ondulações diferentes. Se a pessoa negra é preta ou parda, isso também define violências distintas, mas todas sofrem.
A primeira reação do racismo é as pessoas não nos ouvirem. Quando um livro meu sai ou aparece na mídia, a reação muitas vezes é desconsiderar aquilo como criação literária, achar que o texto é “panfletário” ou “identitário”. É uma visão muito simplista do que é literatura.
Não é fácil. É como se o tempo inteiro eu tivesse que provar que sou escritora, que meu texto tem legitimidade, ou que eu tenho legitimidade como pessoa. Vivemos numa sociedade com lugares muito opressivos para pessoas negras, LGBTs, nordestinas. É como se eu tivesse que provar o tempo todo que o que faço merece credibilidade.
Por mais que hoje exista uma abertura maior para textos de autores negros, as estatísticas mostram que o número de homens brancos que seguem publicando em grandes editoras ainda é de 70%. É muito alto.
Ano passado, eu e Eliane Marques ganhamos o Prêmio São Paulo de Literatura, na categoria romance, fomos as primeiras mulheres negras a vencer nessa categoria, em um prêmio que existe há mais de uma década. Se a gente fizer exercícios simples, como lembrar qual mulher negra ganhou o último Jabuti, percebe que é complicado, que nada está dado ainda.
O cenário não é simples. Existe um número maior de mulheres publicando, mas também há um movimento de resistência, de crítica a esse avanço. Então, não é fácil escrever.
Só agora temos uma mulher negra na Academia Brasileira de Letras, e em aula pública Ana Maria Gonçalves lembrou Conceição Evaristo, que veio antes nessa caminhada.
Exatamente. É importante pensarmos nisso. O Brasil é um país essencial para o romance, porque a primeira mulher a publicar um livro no continente americano é brasileira e negra: Maria Firmina dos Reis, do Maranhão. Ela escreveu um romance em meados do século XIX, e só agora, na terceira década do século XXI, temos uma mulher negra entrando na Academia Brasileira de Letras.
Isso diz muito sobre o país. A entrada da Ana Maria Gonçalves agora e a não entrada da Conceição Evaristo lá por 2021 também dizem muito. Houve uma comoção pública grande em torno disso, e essa comoção mostra o desejo de um grande grupo de leitores e leitoras que querem esse encontro, que querem ver essas escritoras em lugares de destaque, que leem essas autoras.
O mercado editorial, às vezes, tem a fantasia de que não somos lidas. E esse movimento serve para mostrar que há um público leitor interessado numa literatura que traga uma visão mais ampla e complexa sobre o Brasil. Acho que temos um público que quer ler uma literatura brasileira capaz de reimaginar a própria história do país.

É inevitável não falarmos da chacina que houve no Rio de Janeiro e dessa questão da necropolítica cotidiana na sociedade brasileira. O que a ficção pode fazer? O que a literatura pode nos ensinar? O que a literatura pode contar desse momento?
Olha, primeiro de tudo, esse é um momento muito delicado, porque a gente está falando de luto. Imagina que quem sofre com essa morte não é só a família que perdeu um ente querido, mas toda a sociedade, toda a população, porque são imagens de horror, imagens de um genocídio absurdo e, principalmente, a reprodução de uma imagem colonial ainda. Quando a gente vê um número grande de corpos deitados, um ao lado do outro, corpos negros, jovens, essa é uma imagem colonial.
No período colonial, uma imagem assim era comum, e a morte desses corpos era justificada porque não se reconhecia neles um lugar de ser, de humanidade, de complexidade, de família. Só que agora a situação é completamente outra. Lá já era um absurdo; pensar isso hoje é ainda mais. Então, eu penso que a literatura pode nos oferecer novos imaginários para esse corpo.
Vamos imaginar uma criança de sete anos, que vive numa comunidade e cresce vendo corpos negros caídos, alvejados, de forma horizontal. Se essa criança, na escola, encontra num texto literário um corpo negro em lugar de valia, ela vai ter outra referência. Vai se reimaginar diferente, vai pensar: “eu tenho um lugar de validade, olha eu aqui sendo apresentada de outra forma”.
E a criança branca, se ler um texto literário em que uma pessoa negra está num papel positivo, vai poder pensar com mais complexidade a questão racial no Brasil. Vai entender que não apenas pessoas brancas merecem destaque, mas pessoas negras também. Enquanto as únicas imagens que o país oferece de pessoas negras e brancas forem as de pessoas negras assassinadas, será muito difícil romper com o escravismo.
A sociedade simplifica o discurso e acha que se trata de uma luta contra o tráfico. É muita ingenuidade imaginar que expor mais de 60 corpos na rua é combater o tráfico. Estamos falando de uma luta racial, de uma disputa de imagens, de imaginários políticos, sobre quem pode dominar mais, governar mais. E a literatura pode auxiliar justamente nisso: na construção de imaginários positivos para pessoas negras.
E sobre os comentários nas redes, muitas vezes enaltecendo esse tipo de ação e esquecendo que há vidas e famílias por trás dessas mortes?
Existem esses comentários, mas eles não dizem respeito a 100% da população. E a gente nem sabe o controle total que se tem dessa mídia digital. No Brasil não existe regulação, então não sabemos se é uma máquina escrevendo, dizendo aquilo, porque também vivemos uma guerra política. Existem pessoas interessadas em promover esse tipo de ação como um movimento político.
Agora, supondo que nada disso exista e que realmente seja uma pessoa, um “cidadão de bem”, escrevendo esse tipo de comentário , eu acho que esse cidadão também precisa ter direito, já que estamos num país democrático, a reimaginar o Brasil. E a literatura pode ser a possibilidade que ele tem de fazer isso, já que sozinho, com o próprio pensamento, com a própria condição humana, ele não está conseguindo. A arte e a literatura podem ajudar nisso.
O contemporâneo do Brasil é sempre complicado. Parece que toda vez que vamos responder algo, há um grande acontecimento racista muito próximo
Voltando ao teu livro: Mata Doce fala de delicadeza, mas também de dureza, de atravessamentos, de feridas e de cura. Como equilibrar essa violência com essa beleza e essa poesia?
Ah, é muito difícil, mas é um lugar de sobrevivência. A população negra no Brasil, rural ou urbana, lida com o genocídio. Em Mata Doce, eu quis falar disso através do personagem Zezito, que sofre uma violência que podemos ler como o genocídio que acontece nas zonas urbanas também. É o jovem que se volta contra um determinado lugar de poder, ali na condição rural, e sofre as consequências.
Eu acho que uma escritora negra, numa conjuntura colonial, contra-colonial ou pós-colonial, o que todas nós fizemos, de Maria Firmina dos Reis até agora, o que eu, Conceição Evaristo, Eliana Alves Cruz, Eliane Marques, Ana Maria Gonçalves temos feito, é propor novos imaginários para essa condição ainda colonial, de ver corpos sendo assassinados.
Não dá, ao mesmo tempo, para não falar dessa violência,mas também não dá para falar só dela. Não dá para expor a violência exotificando o corpo, como se fosse apenas isso. A ideia é dizer que nessas populações violentadas existe também uma rede de amor muito grande.
Em Mata Doce, eu quis colocar mulheres no centro da narrativa, mulheres que se amam muito, para mostrar que essas populações rurais e negras, tão excluídas da sociedade, constroem entre si lugares de amparo e de composição social. Ninguém vive só, a gente vive entre pontes. E é urgente que a literatura nos ajude a pensar isso também.
Mata Doce é um texto matriarca…
Sim. Eu quis fazer esse destaque porque acho que é um pouco da sociedade brasileira. Quis destacar que nós, mulheres, nos apoiamos em rede. As mulheres se apoiam muito em rede. O discurso comum é de que mulheres não se apoiam, que existe rivalidade, e acho que é o contrário.
A comunidade afro-brasileira tem uma herança matriarcal afro-brasileira e afro-indígena muito forte. Isso pode servir de espelho positivo para toda a sociedade.
A gente vive num país em que o racismo é muito forte e ocupa ondulações diferentes
Como a memória pessoal, coletiva e ancestral pode servir como ferramenta para resistir à necropolítica?
Eu acho que a memória ocupa um lugar central no Brasil. A minha, por exemplo, ocupa esse lugar. Eu vim de um núcleo familiar que sobrevive há muitas gerações. No meu caso, eu conheço histórias até do meu tataravô, Timóteo, um homem negro que fugiu do escravismo no Recôncavo da Bahia para o Vale do Rio de Criçá. Sei o nome, o trajeto geográfico que ele fez.
Timóteo teve um filho, José Vicente, que teve uma filha, minha avó Ruth. São três gerações de pessoas negras fugindo e escapando do escravismo. É muito forte pensar que eu sou a quinta geração disso e ainda falo sobre o mesmo tema: o racismo. É penoso, cansativo.
Mas o que quero dizer é que nós temos histórias a contar sobre o Brasil com muita propriedade, porque alimentamos esse país, economicamente, imaginariamente, em todos os campos. Da força de trabalho à criação literária. Acho que a sociedade brasileira precisa mobilizar escuta, ouvir essas tantas mulheres que, como eu, estão contando histórias sobre o próprio Brasil e reimaginando o país a partir de um imaginário mais amplo e mágico.

E no Mata Doce também há a questão em relação à ancestralidade e à presença dos orixás...
Essa ancestralidade está ligada a uma religiosidade afro-indígena. Na Bahia, é muito forte a relação com as tradições Yorubá, Nagô, Banto, Jeje, mas também com o pensamento indígena, caboclo, especialmente na minha região, o Vale do Rio Jiquiriçá.
O candomblé ali está em intenso diálogo com epistemologias indígenas, como as dos povos Kiriri e Kiriri-Sapuia. Então, é muito cosmopolita pensar uma religiosidade afro-indígena no Brasil, e minha família vem dessa relação. Quando escrevo, deixo que isso influencie meu texto.
Claro que pesquiso, leio historiadores e autoras que estudaram o tema, mas também busco o imaginário, lembro do que minha avó dizia sobre a alfazema, sobre acender velas aos sábados. Tudo isso compõe o imaginário de quem escreve.
A pessoa que escreve é alguém que ouve o mundo, e eu tive a sorte de ouvir o mundo negro, de estar em diálogo com ele, vinda do interior da Bahia, da roça. Viver numa comunidade rural até os 20 anos foi um privilégio enorme, ainda mais num mundo em que a desconexão com a natureza é tão forte.
Estamos no mês da Consciência Negra, e o 20 de Novembro nasceu aqui no Rio Grande do Sul. Diante de tudo isso, como tu vês esse momento?
O contemporâneo do Brasil é sempre complicado. Parece que toda vez que vamos responder algo, há um grande acontecimento racista muito próximo. Pensar as questões negras no Rio Grande do Sul é urgente, indispensável.
O estado tem uma história negra importante, mas a historiografia oficial nem sempre a destacou. É preciso que essa história apareça nos textos. Fiquei muito emocionada lendo Eliane Marques nesse sentido.
Agora, nas pesquisas do meu novo livro, Tinta da Bahia, descobri algo curioso: enquanto pesquisava uma fábrica de tecidos da Bahia do século XIX, encontrei registros de que um dos sócios era gaúcho, da região de Pelotas. A partir daí, comecei a pesquisar e encontrei uma história não oficial, mas muito verdadeira, sobre a grande população negra do estado, principalmente na região de Pelotas, que recebeu muitas pessoas negras vindas da Bahia no século XIX, especialmente após as Revoltas dos Malês, em 1835.
É um ambiente riquíssimo para pensar uma cultura afro-indígena no litoral do Rio Grande do Sul.
E qual é o título do novo romance?
É Tinta da Bahia, um livro que sai ano que vem pela Alfaguara. Escrevi com base em documentos históricos e também a partir de uma fotografia. No começo do ano vai sair uma plaquete inspirada nessa imagem, chamada Aziri, nome de uma das personagens do romance.
Falamos muito de racismo e dor. E o amor, a amorosidade na literatura?
Ah, eu acho indispensável. A gente tem uma cena literária de várias mulheres negras que se apoiam, cujos romances dialogam entre si. Agora estou lendo o novo romance de Eliana Alves Cruz, Meridiana, que é incrível.
Esse encontro é também transatlântico, estou lendo Conceição Lima, de São Tomé e Príncipe, que tem um livro para as infâncias reimaginando histórias a partir de uma visão feminista e antirracista. Acho que temos uma produção literária de mulheres que está nos ensinando a amar.
O Brasil precisa aprender a amar, e a melhor oportunidade para isso é lendo mulheres negras.
E, para fechar o ciclo: falaste da tua infância de leitora. Como é agora ensinar novas meninas, especialmente meninas negras, sobre representatividade?
É muito importante. A literatura precisa estar nas escolas, em todas as séries. As instituições educacionais precisam ter uma pedagogia mais crítica, revisar suas bibliografias, principalmente nas infâncias, porque é ali que se forma o imaginário.
E é indispensável ampliar o imaginário das infâncias para crianças brancas e negras. A gente não vai romper com o racismo se não oferecer também às crianças brancas uma educação antirracista.