
Culpa: A Sombra Que Acompanha Toda Boa Mãe
Na maternidade, cada fase é única. São muitas as batalhas que enfrentamos e, com persistência acabamos vencendo. Porque, no maternar, quando achamos que superamos algo, surge um novo desafio. Mas que isso não te desanime. Que essa verdade seja tão inspiradora que você encontre alegria mesmo no meio das turbulências. Porque, quando elas passarem, não só sentirás saudades, mas também um profundo orgulho de si mesma(o) — afinal, você deu o seu melhor.
Por aqui, tivemos nossos altos e baixos, como em qualquer casa com a chegada de um novo integrante egocêntrico e cheio de opiniões. Afinal, os bebês podem não dominar a fala, mas nos enviam sinais para se comunicar e, desde cedo, já impõem suas vontades — ou melhor, suas necessidades. E, para eles, essas necessidades são realmente as mais importantes. Não se importam se você dormiu ou não, nem se precisa tomar um banho ou escovar os dentes. Eles querem atenção exclusiva e, assim, naturalmente se tornam o centro das nossas vidas.
Quando nasce um bebê, nasce também a culpa. Esse sentimento intrigante – e um tanto perturbador – surge do nada. Para mim, chegou exatamente no dia do parto. No início da gestação, achávamos que esperávamos somente o bebê e não que seja pouco, afinal de contas, é o principal. Mas junto dele, sentimentos foram sendo gradativamente gerados, conforme se desenvolvia o bebê, crescia também um monte de novas sensações; aquelas felizes e também as angustiantes. Mas a culpa não, a culpa, chega sorrateiramente assim, de surpresa, inesperadamente no dia do parto.
Esse é um sentimento muito ingrato, pois mesmo nos doando ao extremo, entregando tudo que temos e que não temos, ainda nos culpamos. E em um único instante, ele é capaz de apagar todas as belas coisas que você fez ao seu pequeno, em apenas uma atitude, uma única palavra e muita das vezes, em apenas um pensamento. E então nos culpamos.
Nos culpamos por fazer, mas também por não fazer. Nos culpamos pelo modo como falamos, como agimos, pelas escolhas que tomamos – sempre achando que poderíamos ter feito melhor, ter agido diferente, ter falado de outro jeito, ter escolhido um caminho que ‘supostamente’ seria mais benéfico para ele. Ah, a culpa… Se não tomarmos cuidado, ela destrói; apaga tudo, até os grandes momentos de boas decisões que tomamos. Pois sim, a maioria das decisões que tomamos são as melhores, diante das circunstancias, dos sentimentos; só você, naquela exata situação, saberia o que é melhor.
É bom conversar, encontrar aquela pessoa que transmite segurança e que, muitas vezes, vai concordar com a decisão que você tomou de ‘cabeça quente’. É maravilhoso ter esse apoio, mas antes de confiar no outro, confie em você mesma: na sua capacidade e no seu amor. E sempre que possível, use a culpa como impulso para crescer e tomar novas decisões acertadas, mas sem denegrir aquelas que hoje, você já lamenta. Mas para construir uma nova versão sua. Afinal de contas, você não saberia qual a melhor escolha, se não tivesse optado por um outro caminho anteriormente. Você não saberia como agir diante de uma situação desafiadora com seu filho, se já não tivesse se arrependido uma outra vez de ter feito. Você não saberia como falar com seu filho agora se já não tivesse percebido o quanto foi insensível da última vez.
E mesmo com todo cuidado e crescimento, inevitavelmente, em dias cansativos e estressantes, cairemos novamente na mesma armadilha – igual naquela vez que você se arrependeu. E na hora daquela ação imprecisa, daquela fala descuidada, daquele tom grosseiro; a ficha cai e você percebe que assim como ele, você também é um ser humano em construção – que nasceu no mesmo dia que ele nasceu.
Bruna Gomes
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Daniela Andrade Pinto
Amei a leitura, ao ler cada pedacinho consegui conectar a leitura com várias situações já passadas e algumas ainda em enfrentamento.
Parabéns, mais uma vez um tema super necessário e muito bem abordado 👏🏻🥰