
Puerpério: Um Processo Único, Assim Como Cada Mãe
“— Só vou ficar tranquila quando o bebê nascer e eu ver que está tudo bem! ”
Esta é uma frase muito dita por mães que ainda estão em processo gestacional; eu mesma já utilizei essa expressão. E, pasmem, ela está completamente equivocada. Assim que o bebê chegar, os medos e incertezas que carregávamos durante a gestação serão apenas exteriorizados, ou melhor, além de se externarem, serão duplicados ou mais, dependendo da sua busca por conhecimento
Como já mencionado, grande parte das situações que nos aguardam são previsíveis. Embora não saibamos tudo o que nos espera, conhecer o mínimo já alivia significativamente o peso da carga mental que nos é compelida. Por exemplo, consideramos que o bebê, ao nascer, iniciará o processo de amamentação; logo, buscamos orientações técnicas, utensílios e os cuidados necessários para iniciar esse processo. Contudo, não saberemos de fato quais desafios a amamentação nos trará, pois, cada criança é única e, portanto, variáveis estão condicionadas a esse processo. Entretanto, o conhecimento que adquirimos, mesmo que superficialmente, trará bagagem para encarar os possíveis desafios com mais leveza.
O puerpério é um período que não é muito bem definido. O início, sim, começa no parto, com a saída da placenta, mas, quanto ao final, há algumas divergências. Alguns estudos indicam que ele se encerra com a primeira ovulação, pois o puerpério terminaria com o retorno das condições normais (pré-gestação) do corpo. Já outras pesquisas estabelecem um período de 45 a 60 dias após o parto. Contudo, sabemos que algumas mulheres levam mais tempo para ter sua primeira ovulação, e essa questão também está diretamente relacionada à amamentação, já que a prolactina (hormônio que estimula a produção do leite) inibe a ovulação. Portanto, o fim do puerpério é um pouco incerto, visto que cada corpo reage de uma forma.
É importante destacar que, independentemente da duração, trata-se de um período extremamente delicado. Além das transformações físicas, ocorrem profundas mudanças psicológicas e emocionais, diretamente relacionadas às flutuações hormonais. É comum que algumas mulheres vivenciem o ‘baby blues’ ou, em casos mais graves, desenvolvam depressão pós-parto – condições distintas em sua intensidade e duração. Nessa fase, sentimos um cansaço incomum, uma irritabilidade incontrolável, um medo de não conseguir lidar com as novas responsabilidades, além de oscilações emocionais abruptas – como crises de choro seguidas de euforia. Sem dúvidas, um período de intensa instabilidade emocional.
Ter uma rede de apoio que compreenda a fragilidade desse momento e identifique alguns sinais de que essa nova mamãe possa precisar de ajuda profissional é de extrema importância. E, para as mamães que estão se preparando, saibam que essa é uma situação esperada; não sabemos ao certo como seu corpo e suas emoções irão reagir, porém, evite a autocobrança, compartilhe as responsabilidades com seu parceiro ou alguém de sua confiança, tenha ciência que isso é uma fase passageira e que independente dos sentimentos que te assombram agora, você se tornará uma mãe incrível.
Bruna Gomes