Capítulo 7 – Desafios da amamentação: Uma Jornada de Perseverança – Parte 2

Desafios da amamentação: Uma Jornada de Perseverança

Parte 2

Ah! Quantas lembranças agradáveis trago comigo. E como gostaria que todas pudessem compartilhar desse sentimento. Além da busca pelo conhecimento que iniciei ao me descobrir grávida, também pude contar com o apoio do meu grande parceiro de vida, meu marido, que me pegava pela mão e me puxava sempre que eu estava prestes a cair, que precisou lidar com minhas mudanças de humor repentinas, que literalmente me auxiliava em cada mamada do bebê, e que se tornou um cozinheiro melhor do que eu, já que precisou assumir as atividades domésticas e se preocupava em variar o cardápio. Porque, como se não bastasse ter que aprender a lidar com todas essas mudanças, decidir amamentar sendo mãe de uma criança diagnosticada com APLV (alergia à proteína do leite de vaca) foi ainda mais desafiador. Em breve, compartilharei mais sobre isso.

Dizem que o fato de eu ser profissional da saúde pode ter me ajudado a lidar com tudo isso, mas, quando se trata de nós, mesmo tendo conhecimento, nos momentos de tensão, em que a emoção toma a frente da razão, principalmente em um período em que estamos tão fragilizadas, parece que não sabemos de nada! Claro, quando a adrenalina diminui, torna-se possível pensar com mais clareza, e conseguimos resgatar algumas das informações que estão armazenadas em algum cantinho do nosso cérebro. Por isso, mamãe, toda e qualquer informação que conseguir acumular neste período, em algum momento, será útil.

Contudo, mesmo com sede de informação, é necessário filtrar tudo que se lê e que se ouve, procure por informações confiáveis e que faça sentido para você. Na época, fui bombardeada de orientações e algumas não faziam sentido para mim. Portanto, busquei por fontes confiáveis que me auxiliaram a determinar quais atitudes tomar diante diversas situações. Por exemplo, ainda na gestação recebi orientações quanto aos cuidados necessários que eu supostamente deveria realizar para com a mamas a fim de “preparar” para a amamentação e isso me deixou um tanto intrigada.

Existe um mito de que apenas mulheres com aréolas mais protuberantes conseguem amamentar e, por isso, eu deveria tomar sol diretamente nas mamas, esticá-las com os dedos, esfregá-las com buchas ou toalhas, ou utilizar conchas com a justificativa de espessar a pele dessa região e até mesmo formar o “bico”, com a promessa de facilitar a amamentação. Isso gerou preocupação da minha parte, já que eu não me enquadrava nesse grupo de mulheres e achava um tanto equivocado investir nesses tratamentos.

A protrusão pode até ser um aspecto morfológico que auxilie no processo da pega, mas, mesmo para as aréolas consideradas “normais”, a pega deve ser realizada não apenas na extremidade. A criança deve abocanhar toda a aréola, seja ela com mamilo protuso, plano ou até invertido. De fato, as dificuldades para as mamães com mamilos invertidos podem ser maiores, pois a mama pode não ter a elasticidade necessária, especialmente no início, quando está muito cheia e dolorida.

“Essa preparação das mamas, que já foi amplamente difundida, hoje não é mais recomendada. Inclusive, há estudos que indicam que o estímulo excessivo das mamas nesse período pode induzir a produção de ocitocina – hormônio responsável por estimular contrações uterinas– e, consequentemente, aumentar o risco de partos prematuros ou abortos. Trata-se de um assunto delicado, que ainda gera divergências entre especialistas.”

É notório que, durante a gestação, as mamas passam por diversas mudanças. No entanto, minha experiência me permitiu entender que maltratá-las nesse período não é necessário. Em vez disso, recomenda-se investir em bons cremes para hidratá-las – evitando as aréolas –, em sutiãs de boa sustentação, com alças largas e, preferencialmente, feitos de algodão. Após o nascimento do bebê, é importante evitar o uso de pomadas ou conchas, já que este produto pode aumentar o risco de mastite ao comprimir os ductos mamários, além de elevar as chances de infecções. Prefira as “rosquinhas” de amamentação, que são macias, respiráveis e protegem as aréolas sem causar atrito ou compressão excessiva.

Durante a amamentação, é importante lembrar de intercalar não apenas as mamas, mas também as posições do bebê. Posição tradicional, invertida, deitada de lado e cavalinho são algumas das opções disponíveis. Variar o posicionamento ajuda a aliviar o desconforto causado pela fricção em algum ponto específico da aréola durante a amamentação, permitindo que uma área lesionada se recupere, mantendo a oferta das mamadas.

São muitas temáticas, muitas informações e diversas opções, o que pode dificultar a tomada de decisão. No entanto, nada impede que você experimente diferentes abordagens, pois a realidade de cada um influencia diretamente no processo. O que funciona para uma mãe não necessariamente funcionará para todas. O início da amamentação pode ser confuso e doloroso, e realmente é, mas trata-se apenas de mais uma etapa que você é capaz de superar. Aliás, mamãe, a partir de agora, você não faz ideia do que é capaz.

Bruna Gomes

Autor

  • Técnica em Enfermagem com 13 anos de experiência, graduada em Cosmetologia e Estética e atualmente cursando Enfermagem. Após atuar por 12 anos na rede pública, dedica-se à maternidade e compartilha aprendizados dessa jornada transformadora.

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