
Desafios da amamentação: Uma Jornada de Perseverança
Parte 3
Doloroso, mas ainda assim, prazeroso. Em breve, a mamada estará estabelecida, e ambos serão beneficiados. Mantenham-se firmes.
Nos primeiros dias, o bebê realiza mamadas longas em intervalos curtos. Progressivamente, os intervalos vão se espaçando, e as mamadas vão encurtando. Assim que vocês vencerem a etapa da pega e a mamada estiver mais tranquila, será possível perceber que o bebê manifesta alguns sinais, e aos poucos, descobrirão uma maneira de se comunicar.
O choro é a principal forma de comunicação do bebê. No início, ficamos perdidos ao ouvi-lo chorar, sem saber exatamente o que ele precisa. Se estiver com fome, chora; se fez xixi, chora; se evacuou, também chora; se está com dor, chora novamente… E como descobrir onde está a dor? Os pais, inicialmente inexperientes nesse processo, começam a investigar e descartar possíveis motivos. E, no fim, já desesperados por não encontrar a causa, descobrem que o choro cessou após retirar a etiqueta do macacão que ele usava. Sim, papais, ainda no preparo do enxoval, retirem todas as etiquetas e linhas soltas das roupinhas. Afinal, diferente de nós, os bebês não conseguem expressar com precisão o motivo do incômodo.
Com o passar do tempo e o estabelecimento da rotina, vocês começarão a perceber diferenças nos choros, nos comportamentos e nos horários. Pois bem, quando se tem uma rotina, é possível identificar o motivo do choro dependendo do horário em que ele ocorre. Aos pouquinhos ambos vão se conhecendo, e nós, pais, vamos reconhecendo alguns sinais e os bebês percebendo quais atitudes devem ter em determinados momentos para que suas necessidades sejam atendidas. Por isso, desde muito cedo, é importante estabelecer algumas regras, com respeito e flexibilidade. Afinal, ele estava no lugar mais seguro e quentinho do mundo e chegou aqui sem conhecer nenhuma das regras comportamentais que nós seguimos.
Tenho muito apreço pela amamentação e sou grata a DEUS por ter sido privilegiada com essa oportunidade, pois sei que inúmeras mães não podem ou, por algum motivo, não conseguem amamentar. E está tudo bem, cada realidade é única. Contudo, é fato que o alimento mais completo e indicado para o bebê ainda é o leite materno, exclusivamente, até os 6 meses de vida, e, após esse período, com duração indeterminada. Há mães que amamentam em horários pré-estabelecidos, mas a oferta em livre demanda tornou-se, inclusive, uma recomendação do Ministério da Saúde. Ou seja, ofereça a mamada sempre que o bebê quiser; no início, os horários serão um pouco desordenados, mas, posteriormente, ele mesmo se ajustará aos intervalos das sonecas, que também são frequentes durante o dia.
O bebê emite alguns sinais de fome, e sempre que percebidos é interessante que realizem a oferta. Não espere que ele se estresse muito, pois quando está faminto, tem dificuldades de realizar a pega corretamente e não tem paciência para executar uma sucção calma e coordenada. Sem contar que, se, além da fome, a mama estiver muito cheia e enrijecida, a briga é certa. Portanto, estabeleça um lugar tranquilo, massagem mamária, às vezes uma ordenha e muita paciência para garantir a pega correta.
Jamais permita que ele mame sem abocanhar toda a aréola. Pegou errado? Insira o dedo mínimo na boquinha do bebê, junto ao mamilo, para retirar o vácuo e remover a mama. Só permita que ele mame se a pega estiver correta, e assim você o ensinará. Além disso, no começo, é necessário que você auxilie na inserção da aréola na boca do recém-nascido. Para isso, segure a mama com a mão em forma de “C”, utilizando o polegar, o indicador e o médio. Às vezes, será necessário manter a mama segura até que ele termine a mamada, sempre se atentando para deixar as narinas livres. Contudo, se o bebê já estiver muito nervoso e com fome, não realizará a pega correta. Portanto, você se lembra daquele leite que ordenhou durante a massagem ou daquele extraído pelo coletor mamário que eu comentei? Pois bem, utilize-o agora para acalmá-lo, e assim ele terá mais paciência para aprender a fazer a pega correta.
Então, assim que ele concluir a mamada e estiver satisfeito, você perceberá sinais de relaxamento, ele estará mais calmo e intercalará as sucções nutritivas com as não nutritivas – aquela sucção fisiológica que não tem por objetivo se alimentar, mas sim, de suprir sua necessidade emocional –, e a mãozinha que estava fechada se abrirá.
Chegará o dia em que todas essas regras se tornarão tão espontâneas que você nem precisará pensar nelas. Elas simplesmente fluirão e, talvez sem que você perceba, desaparecerão, dissolvidas na rotina. O bebê mamará tranquilamente em qualquer lugar, seja na poltrona, deitado ou até em pé, enquanto você estiver ocupada com outras atividades. Essa liberdade trará uma sensação de leveza e confiança, transformando momentos que antes pareciam desafiadores em algo simplesmente natural.
Bruna Gomes