
As autoridades chinesas prometeram “reduzir moderadamente” o número de filmes dos EUA liberados no país.
“A ação errada do governo dos EUA ao abusar de tarifas contra a China inevitavelmente reduzirá ainda mais a simpatia do público (chinês) em relação aos filmes americanos”, disse em comunicado a Administração de Cinema da China, órgão que analisa as produções cinematográficas e diz se, quando e como um filme pode ser visto no país.
Em reação à medida, os papéis de ações de empresas de entretenimento americanas, incluindo Walt Disney, Paramount e Warner Bros Discovery, caíam no pré-mercado da Bolsa Nova York.
A decisão do governo de Xi Jinping sinaliza que Pequim pode, agoraa mirar serviços americanos na guerra comercial. Isso abre um novo leque de opções de retaliação: os EUA têm um superávit comercial de serviços com a China, principalmente em viagens, royalties de propriedade intelectual e transporte.
Um perfil em redes sociais associado à mídia chinesa estatal, que tem sido usado para indicar a posição de Pequim sobre questões comerciais, chegou a citar nesta semana um especialista dizendo que a China não descarta mirar no setor de serviços.
As tensões entre China e EUA se intensificaram nesta semana, com uma escalada tarifária. O governo americano impôs taxa de 125% sobre os produtos chineses, no seu último round de retaliação. Autoridades chinesas, por sua vez, impuseram tarifa de 84% sobre bens importados da maior potência do mundo.
Além de da guerra tarifária, o jogo de forças atingiu também outras esferas da vida social. Funcionários chineses advertiram seus cidadãos, na quarta-feira, para não viajarem aos EUA e alertaram os estudantes sobre riscos de segurança para quem estuda em território americano — uma mudança na estratégia de Xi Jinping de melhorar os intercâmbios entre os povos.
A China foi por muito tempo um mercado crucial para os estúdios dos EUA. Após o primeiro filme americano ser aprovado para lançamento no país, em 1994, a indústria cinematográfica americana passou a depender desse mercado para crescimento, à medida que a bilheteira no Ocidente atingia seu pico e o streaming roubava a audiência.
Mas, nos últimos anos, os reguladores chineses já vinham restringido o acesso aos filmes, sugerindo que os títulos americanos não estão alinhados com os valores do Partido Comunista.