Consumo de vape cresce 600% em seis anos no Brasil

Apesar de proibido no Brasil, o consumo de cigarro eletrônico, conhecido também como vape ou pod, tem crescido no país. Pesquisas mostram que o número de usuários desses dispositivos cresceu 600% nos últimos seis anos. São quase 3 milhões de consumidores com idade entre 18 e 64 anos. 

“Vape é um tipo de produto fumígeno que é operado com uma bateria. Então, na verdade, você tem ali substâncias que, no caso do cigarro eletrônico, muitas vezes são substâncias sintéticas, como nicotina sintética ou, em outros casos, substâncias do próprio tabaco que são usadas também em dispositivos eletrônicos para fumar”, explica a psicóloga e diretora-geral da ACT Promoção da Saúde, Mônica Andreis.

Um em cada seis jovens com idades entre 13 e 17 anos já experimentou cigarros eletrônicos pelo menos uma vez. Foi o que mostrou a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outro estudo, a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o IBGE, aponta que jovens com idades entre 15 e 24 anos representam 70% dos consumidores de vapes no Brasil. “Pega jovens, pega qualquer idade, mas principalmente jovens. Não tem fumaça, não tem cheiro. Então, muitas vezes você fuma em lugar proibido e sem, obviamente, ser detectado”, afirma o médico cardiologista Roberto Kallil.

São jovens como Laura Beatriz Nascimento, que hoje tem 27 anos e que também foi usuária de vape. “Eu já vinha tentando parar de fumar, já tinha tentado parar algumas vezes e quando veio o cigarro eletrônico, pod, eu caí no conto de que se eu começasse a fumar aquilo eu ia parar de fumar o cigarro, ia fumar menos e, eventualmente, acabaria parando de fumar. Só que, infelizmente, não foi assim que as coisas aconteceram. Eu comecei a fumar muito mais.”, conta a entrevistada.

Laura fumou dos 23 aos 26 anos. Foi quando uma falta de ar muito forte fez com que ela procurasse ajuda médica. Depois de uma bateria de exames, descobriu um câncer no pulmão. Ela precisou fazer uma cirurgia e perdeu uma parte do órgão. Hoje, atua nas redes sociais alertando outros jovens “Se você está no começo ou até se você fuma há bastante tempo, acredito que a hora de parar sempre é agora”, recomenda.

Uso proibido

O uso de cigarros eletrônicos no Brasil é proibido desde 2009. No ano passado, a proibição foi mantida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Nós solicitamos pareceres a pesquisadores, instituições, universidades de fora do Brasil e pesquisadores daqui. Solicitamos algo muito cientificamente embasado. Por exemplo, a alegação de que pode auxiliar a parar de fumar. Nós fomos vendo ponto a ponto para verificar a toxicidade desses produtos, quais os malefícios causados, se eles são um fator que nós chamamos de porta de entrada. Quem usa cigarro eletrônico ou esses dispositivos está mais propenso a eventualmente migrar para um cigarro convencional? Nós encontramos que sim. Nós encontramos evidências de que eles são muito atrativos para crianças e adolescentes”, destaca a gerente-geral de Produtos do Tabaco da agência, Stefania Schimaneski Piras.

Desde 2023, tramita no Senado Federal um projeto de lei da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) para regulamentar a venda e importação de vapes no Brasil. O presidente da organização não governamental (ONG) Direta, Alexandro Lucian, é usuário de cigarro eletrônico e defende que o dispositivo ajuda quem quer parar de fumar. “A gente está falando de eliminação de danos. Eu consumo nicotina, que é uma substância legalizada e que, uma vez isolada do cigarro, sem a combustão, essa absorção da nicotina através da vaporização é muito menos prejudicial”, afirma.

Mas, para a médica pneumologista e parte da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano, não há redução de danos quando o assunto é cigarro eletrônico. “Por conta dessa diminuição do consumo do cigarro comburente, a indústria se voltou para o outro lado, que é a produção do cigarro eletrônico. E a ideia no início era essa: você substitui, ‘trata’ o tabagismo com o cigarro eletrônico. Existem inúmeros estudos na literatura médica que mostram que não acontece isso”, explica.

Autor

  • Redação Uberlândia no Foco

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