Eleito como melhor jogador de futebol do mundo por cinco vezes, o português Cristiano Ronaldo viralizou recentemente nas redes sociais após postar uma foto curtindo as suas férias de verão com detalhe inusitado: as unhas do pé estavam pintadas de preto. Desde então, não faltaram teorias para justificar o uso do esmalte, indo de um novo estilo até uma forma de prevenção de micoses causadas por fungos — mesmo que, neste último caso, faltam evidências que comprovem os benefícios.
Segundo o jornal Bild, Cristiano Ronaldo pinta as unhas dos pés de preto para evitar possíveis micoses, mas este está longe de ser um hábito novo, já que desde 2016 existem registros fotográficos. Tal como Ronaldo, outros jogadores já aderiram a essa suposta forma de proteção, porque passam longos períodos usando chuteiras. A combinação do sapato fechado com o pé suado do jogador forma o habitat perfeito para a proliferação de fungos que causam a micose. No entanto, pintar as unhas de preto, com um esmalte comum, está longe de ser uma estratégia eficaz para prevenir ou tratar o problema fúngico.
Antes de entender melhor a situação, vale explicar que a micose que se forma na unha é conhecida pelo nome de onicomicose. Neste caso, o agente infeccioso se alimenta da queratina, que é um tipo de proteína fibrosa. Como consequência da proliferação fúngica, as unhas ficam esbranquiçadas, amareladas, ocas, quebradiças ou ainda descamativas. Alguns pacientes podem sentir dor na região. Outra observação: esta micose é diferente daquela que surge entre os dedos, a intertrigo.
Pintar unha é tratamento para micose, como faz Cristiano?
Em caso de micose nas unhas, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) orienta que “os tratamentos podem ser de uso local, sob a forma de cremes, soluções ou esmaltes”. Embora mencione esmaltes, são um tipo específico com componentes antifúngicos, como terbinafina ou itraconazol, de coloração incolor — não tendem a ser pretos. Na verdade, simplesmente pintar a unha com um produto qualquer pode piorar o quadro.
“Em caso de acometimentos superiores a 30% de uma unha ou de várias unhas acometidas ao mesmo tempo, é necessário tratamento via oral também”, acrescenta a SBD sobre a terapia padrão para casos de micose nas unhas
Intervenções caseiras para micose
Além das alternativas cientificamente comprovadas, existem inúmeros métodos ditos alternativos ou caseiros para micoses, como vinagre ou ainda óleo de melaleuca, como explica o dermatologista Christopher Hull, da Universidade de Utah, no podcast Health Library.
“A parte complicada com qualquer um desses medicamentos tópicos é que eles não penetram muito bem na unidade ungueal [a parte dura da unha formada pela queratina, onde os fungos se desenvolvem]”, afirma Hull. “Por isso, muitos medicamentos tópicos prescritos têm efeitos tão limitados”, complementa.
Como evitar a micose nos pés?
Se o esmalte simples está longe de ser a solução para o problema das micoses, a Regional Fluminense da SBD compartilha algumas dicas de como prevenir as infecções fúngicas:
- Após o uso prolongado de calçados, o pé precisa “respirar”, sendo indicado o uso de chinelos ou mesmo andar descalço;
- É sempre recomendável o uso de meias de algodão, já que absorvem melhor o suor;
- Meias devem ser trocadas todos os dias;
- Os pés devem ser higienizados adequadamente, todos os dias, e bem enxugados após o banho;
- É importante cortar as unhas regularmente, o que mantém a saúde;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como toalhas e calçados;
- Se for até uma manicure, o ideal é levar materiais próprios.
Seguindo essas recomendações, o risco de micoses diminui significativamente. Em caso de dúvidas ou problemas com as unhas, o recomendado é sempre consultar um dermatologista, que poderá prescrever o melhor tratamento.
Fonte: Bild, SBD, Universidade de Utah e SBD-FL