
Um reencontro familiar que revela feridas profundas. Essa é a premissa de Boca Dura, curta-metragem do diretor e dramaturgo paulistano Alexandre Dal Farra, que marca sua estreia no cinema. A obra acompanha um jovem varão trans que retorna à mansão da família evangélica na periferia de uma grande cidade brasileira. O que começa porquê um almoço de domingo se transforma em trama sufocante de abusos e violência.
Dal Farra explica que o interesse pelo universo evangélico vem de longa data e está ligado à forma porquê esses espaços produzem engajamento político, moral e existencial. “A direita, que domina esses territórios, consegue um nível de engajamento que a esquerda há muito não alcança mais”, afirma. Para ele, é fundamental abordar esse universo sem o preconceito geral no campo progressista. “Paladar de olhar para esse mundo onde as pessoas são autônomas, estão escolhendo aquilo por alguma razão”, explica.
A sátira social também atravessa outro projeto recente do diretor: a peça Vissura, desenvolvida em Portugal em parceria com o diretor Pedro Vilela. O espetáculo investiga o pedestal crescente de brasileiros imigrantes à extrema direita europeia. “Esses brasileiros são aqueles que menos usufruem das vantagens que o estado do bem-estar social europeu consegue oferecer”, analisa. “A solução da extrema direita é mentirosa, sacana, mas um pouco na base do oração dela é verdadeiro porque as pessoas se sentem enganadas, principalmente quem está mais à margem”, observa.
O curta Boca Dura está em tempo de circulação por festivais. Em breve, deve permanecer disponível para o público universal, mas ainda não há uma data definida.
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