
O cineasta Darren Aronofsky, responsável por longas aclamados como ‘Cisne Negro’ e ‘A Baleia’, desabafou recentemente sobre o crescente uso da Inteligência Artificial (IA) nas telas, avaliando seu rápido avanço e impacto cultural.
Conforme à Variety, Aronofsky afirmou que a velocidade da evolução da IA e tem seu efeito hipnótico:
“Está evoluindo super rápido. Quando comecei a ver as imagens saindo dos modelos, percebi que isso teria um grande impacto no que eu faço. O que está saindo dos modelos agora é conteúdo que parece de produção super alto, dura apenas 8 segundos e geralmente não tem significado. Mas está atraindo cada vez mais atenção do mundo porque está ficando cada vez melhor. É um doce cada vez mais doce”, afirmou.
Apesar do fascínio pela nova tecnologia, o diretor defendeu que contar histórias continua sendo “uma das nossas artes mais importantes”:
“Quando você assiste a um filme, te pedem para esquecer de si mesmo e embarcar numa jornada com outra pessoa. Essa é a magia”, disse ele. “É um exercício de empatia e, no fim, o que nos torna uma espécie melhor e nos dá uma chance maior de sobrevivência. Não acho que ficar olhando para aqueles clipes por 10 segundos esteja ajudando muito por nós”.
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Aronofsky, que se diz um defensor ferrenho das novas tecnologias, disse que ainda estamos “bem longe” de conseguir fazer filmes que o público se interesse usando apenas IA.
Ele acredita, porém, no potencial de colaboração: “Muito em breve, [a IA] poderá contar uma história de uma forma muito básica, mas mesmo com isso acontecendo, acho que um colaborador humano pode então pegar isso e transformar em arte. Acho que é aí que fica interessante”.
“Vai ter muita gente brincando com ele e transformando em algo inesperado. E essa reviravolta inesperada é algo que as máquinas não vão conseguir entender”, acrescentou.
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Perguntado por um jovem cineasta como a IA pode democratizar o acesso à própria produção cinematográfica, Aronofsky encorajou a experimentação: “Se eu fosse cineasta agora, estaria em uma sala com cinco amigos e cinco computadores, tentando descobrir o que é possível”.
O diretor também refletiu sobre a mudança no domínio cultural da mídia: “Não sei se o domínio do filme de duas horas vai ter esse poder cultural para sempre. Já parece que você ganha mais poder cultural com alguns desses programas de TV. Pode-se argumentar que ‘Squid Game’ está alcançando públicos maiores e impactando a cultura de forma mais profunda”.
Ele concluiu que a narrativa é eterna, mas as ferramentas mudam: “A narrativa veio para ficar; É só sobre descobrir como levar uma história para o mundo e a maneira mais interessante de criá-la. E a forma mais interessante de se locomover é com essas ferramentas, e elas são incrivelmente poderosas”.