É normal ouvir vozes? Ciência revela origens neurológicas de alucinações

É normal ouvir vozes? Foi essa a questão que norteou um estudo publicado na Psychological Medicine
na última quinta-feira (2). Os pesquisadores partem da ideia de que as raízes neurológicas das alucinações estão na forma como o cérebro processa sinais contraditórios do ambiente, e afirmam que essa situação é mais comum do que se imagina.

No estudo, os participantes foram instruídos a apertar um botão que, uma fração de segundo depois, fazia uma haste pressionar suavemente suas costas. Os resultados indicam que os voluntários eram mais propensos a relatar ouvir uma voz quando havia um atraso entre o apertar do botão e o toque da haste.

Os pesquisadores defendem, na ocasião, que todos nós alucinamos em determinados momentos, como quando estamos cansados, por exemplo.

No estudo, os participantes também ouviram gravações de ruído rosa
, uma versão mais suave do ruído branco. Algumas gravações continham trechos gravados da própria voz da pessoa, enquanto outras tinham vozes alheias ou nenhuma voz. Em cada teste, os voluntários eram questionados sobre ouvir alguém falando ou não.

Essa técnica da haste já foi utilizada em estudos anteriores, justamente para entender essas sensações de ter alguém atrás. Nesse novo caso, quando as pessoas já estavam com essa sensação de uma presença fantasmagórica, eram mais propensas a relatar que ouviam vozes (mesmo não havendo nenhuma).

Por que ouvimos vozes?

Os pesquisadores indicam que essas alucinações podem surgir da dificuldade em reconhecer as próprias ações, bem como de estar preparado para esperar um resultado específico.

“A indução de alucinações sob condições experimentais controladas em indivíduos não alucinantes representa um novo caminho de pesquisa orientado para a compreensão de fenômenos alucinatórios complexos, evitando confusões observadas nos pacientes”, diz o estudo.

“As alucinações auditivo-verbais são um dos sintomas psicóticos mais comuns e angustiantes, cuja etiologia permanece em grande parte desconhecida. Mostramos que este procedimento levou a fenômenos semelhantes a alucinações auditivo-verbais em indivíduos saudáveis, quantificados como um aumento na taxa de falsos alarmes em uma tarefa de detecção de voz”, completa a equipe.

Em outras palavras, ouvir vozes pode acontecer com todos. Anteriormente, um estudo tentou entender características de pessoas que “ouvem” as vozes dos mortos
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