A primeira sessão da Câmara Municipal de São Paulo, realizada nesta terça-feira, 4, foi marcada por vereadores estreantes em busca de holofotes, enquanto oposição e base tiveram representantes defendendo o mesmo lado no debate em torno da implementação do mototáxi na cidade. Sem a possibilidade de votar nenhum projeto, já que a definição da pauta depende da formação das comissões, os parlamentares sinalizaram o compasso de como será a nova legislatura durante seus discursos.
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Sonaria Fernandes (PL) e Adrilles Jorge (União Brasil), novatos, nacionalizaram suas falas, criticando o governo federal. A vereadora do PL recebeu vaias da oposição ao levar para o plenário uma sacola de feira com diversos itens. A performance era uma crítica ao governo Lula. Sonaria tirava os itens como azeite e outros alimentos e reclamava do aumento de itens da cesta básica. Adrilles dedicou sua fala a criticar o Judiciário “que persegue conservadores”.
O vereador Lucas Pavanato (PL), afirmou que vai misturar política e religião durante sua legislatura. Propostas contra direitos de pessoas trans são a principal bandeira do vereador.
— Se verdades biológicas ofendem algumas pessoas, que procurem um psicólogo — falou.
A fala foi criticada na sequência pela vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL).
Para além dos holofotes, vereadores da oposição destacaram o combate às enchentes na cidade, com foco para o caso do alagamento do Jardim Pantanal, bairro localizado na Zona Leste de São Paulo. Luna Zarattini (PT) pontuou a necessidade de se propor solução:
— Principalmente para famílias mais vulneráveis — disse a vereadora do PT.
Alessandro Guedes (PT) chegou a propor a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para debater as enchentes na cidade. A proposta entra em uma fila com outras quatro propostas de CPI propostas pelo PT. Os temas vão de investigações ao mercado imobiliário à privatização da Sabesp.
De acordo com parlamentares, há um acordo com o presidente da Casa, Ricardo Teixeira (União), para que apenas duas comissões sejam instaladas. Uma da oposição e uma da base. Pavanato tem duas comissões que pleiteiam a instalação. Uma para investigar o trabalho da ONGs na capital — tema que já rendeu críticas ao vereador Rubinho Nunes (União Brasil) no ano passado, já que a ideia mirava o padre Júlio Lancellotti.
Um tema que dividiu bastante a Câmara, inclusive embaralhando governistas e oposicionistas, foi a da implantação do mototáxi na cidade. Adrilles e Luna, por exemplo, estão em campos ideológicos opostos, mas ambos são contra o serviço. Mesma situação vivem Pavanato e Amanda Paschoal (PSOL) acreditam que a modalidade pode ser regulamentada.
O assunto é uma queda de braço entre o prefeito e os aplicativos de mobilidade como Uber e 99, que operacionalizam o serviço à revelia do Executivo. Atualmente suspenso após uma decisão da Justiça, as empresas ainda defendem que o serviço é legal e vão recorrer na Justiça.