
A equipe feminina de vôlei do Fluminense tenta, nesta quinta-feira, superar uma barreira que perdura desde que iniciou sua trajetória na Superliga. As “guerreiras do vôlei” decidem uma vaga para a semifinal contra o Sesi Bauru, às 18h, no Maracanãzinho, com transmissão do SporTV2 — o confronto está empatado, com uma vitória por 3 a 0 para cada lado. A escolha por um dos mais tradicionais ginásios poliesportivos do Brasil, em vez da Hebraica, que se tornou a casa do time, demonstra a importância dada pelo clube ao duelo. O tricolor não manda um jogo no local há 42 anos.
A última vez foi na final do Campeonato Brasileiro de 1983, quando foi derrotado pela Associação Atlética Supergasbrás por 3 a 1. Mas a derrota não foi a única lembrança que ficou do ginásio: considerado uma das grandes potências da modalidade na época, o Fluminense conquistou dois títulos do torneio no Maracanãzinho (1976 e 1981).
— Jogar no Maracanãzinho é um passo muito grande para nós. Os torcedores estão comprando nossa briga. Trazer a torcida do futebol é muito diferente, ela é totalmente diferente da do vôlei. Então, sinto que isso pode ser um grande diferencial do nosso clube em relação aos outros. E temos que, cada vez mais, conquistá-los, porque fazem muita diferença. Na Hebraica, eles foram nosso sétimo jogador durante toda a temporada — disse Lara Nobre, central e capitã da equipe.
A última parcial é de oito mil ingressos vendidos. Ciente de que um ginásio lotado pode ser a dose de ânimo necessária para chegar à vitória, o clube está realizando uma grande promoção. Os torcedores com a camisa do Fluminense e aqueles com ingresso para o confronto com o GV San José, pela Sul-Americana, na mesma data, às 21h30, no Maracanã, terão direito a uma entrada diretamente no acesso (sujeito à lotação).
Com a torcida fazendo a sua parte, cabe às “guerreiras” usarem isso a seu favor para passar por cima de outro tabu que virou uma incômoda rotina nas participações na principal competição do país. Nas últimas oito edições da Superliga, das sete vezes em que avançaram para o mata-mata, sempre pararam nas quartas de final.
Treinador da equipe, Guilherme Schmitz conhece bem o Fluminense. Chegou em 2003 como estagiário e foi campeão por todas as categorias da base antes de chegar ao profissional, durante a temporada 2020/2021. Após conseguir a melhor campanha do clube na primeira fase da Superliga, ele espera, finalmente, ultrapassar a marca das quartas. No entanto, afirma que não trata a fase como uma barreira:
— Para nós, não é uma barreira de maneira nenhuma, porque os oito melhores classificados se concentram nas quartas de final. Sempre nos classificamos enfrentando ótimos times. E, desta vez, conseguimos a vantagem, inclusive, do mando de quadra, que, pela primeira vez, está nos possibilitando disputar o terceiro jogo em casa.
A vaga na semifinal pode significar o ápice de um projeto que vem sendo desenvolvido com muito cuidado pela área responsável do clube. Os investimentos na modalidade vêm aumentando ano a ano e podem ser percebidos na melhora gradual da montagem da equipe, assim como da estrutura disponibilizada para atletas e comissão técnica. Lara Nobre, que esteve no clube em sete dos últimos nove anos, listou alguns pontos de evolução.
— A gestão preza muito o lado financeiro, e isso é muito importante para trazer boas jogadoras, porque a gente pergunta uma para a outra antes de ir para outro clube. O salário nunca mais atrasou, o que mostra que isso foi algo muito priorizado. Investiram na academia, na fisioterapia, em aparelhos para o pós-treino. Também tem a parte da estatística, com mais estudos sobre os jogos, sobre os treinos — isso é muito importante hoje em dia. Eu acho que toda essa evolução faz a gente se concentrar mais em treinar e jogar e não ficar preocupada com problemas estruturais. É outro clube, em comparação ao que encontrei quando cheguei.