
Acha que os carros já apostam tecnologia demais? Pois a tendência é que isso avance ainda mais. Segundo Mary Barra, CEO do grupo General Motors, conglomerado responsável por Chevrolet, GMC e Cadillac, pretende investir pesado em inteligência artificial e em soluções que transformem seus veículos em verdadeiros assistentes virtuais móveis.
A fala, dita pela executiva da GM em uma conferência sobre tecnologia realizada em Nova York (EUA), no dia 22 de outubro, visa não só ampliar a conectividade presente nos carros, mas reposicionar o automóvel como parte completa da rotina do motorista, quase como um gadget sobre rodas. A informação foi detalhada pelo Automotive News, que acompanhou o evento.
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Fonte: Motor1.com
E como isto funcionaria? Enquanto o veículo dirige sozinho para o trabalho, o ocupante poderia adiantar e-mails, rever projetos ou até assistir a uma série ou filme. Depois disso, o modelo seguiria sozinho para revisões, buscaria roupas na lavanderia e até o jantar antes de retornar para casa, tal qual os carros de filmes futuristas – ou apocalípticos -, como Eu, Robô (2004).
Essa visão, porém, levanta preocupações. A dependência tecnológica imaginada pela GM exige que os veículos coletem dados sensíveis sobre hábitos, horários e preferências dos usuários. O Automotive News destaca que a montadora pretende manter essa relação ativa por toda a vida útil do carro, atualizando funções e acrescentando comportamentos novos muito tempo depois da compra.
Foto de: Chevrolet
Sterling Anderson, novo diretor de produtos da empresa e ex-Tesla, reforçou que os veículos “ficarão melhores com o tempo”, já que atualizações contínuas adicionariam recursos que não existiam no momento da entrega. Para ele, os carros representam uma tela em branco para a inteligência artificial, por reunirem confiança do consumidor e um uso diário que poucos dispositivos alcançam.
A GM começará a integrar o assistente Google Gemini em 2026, antes de lançar um sistema próprio baseado no OnStar. A ideia é oferecer conversas mais naturais dentro do veículo, sugestões de rotas e recomendações personalizadas durante viagens. Todos os modelos lançados a partir de 2025 virão com assistência por voz gratuita por oito anos, criando um novo vínculo com o proprietário.
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Fonte: Christopher Smith / Motor1
A estratégia, no entanto, ocorre em meio a mudanças internas. A montadora reorganiza suas áreas de software e IA após a saída de nomes como Dave Richardson, Barak Turovsky e Baris Cetinok. Segundo a empresa, a intenção é integrar a inteligência artificial diretamente às equipes de produto, acelerando o desenvolvimento e facilitando a padronização.
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Fonte: Motor1.com
Outras fabricantes seguem caminho semelhante, como Volkswagen, Mercedes-Benz, BMW e a Amazon, que já trabalham em seus próprios assistentes embarcados. Ainda assim, analistas reconhecem que a maior barreira é a disposição do público em compartilhar tantos dados com fabricantes.
Esse, aliás, é um dos grandes motivos para a General Motors ser contrária ao uso do Carplay Ultra e Android Auto em seus modelos novos. Com os carros cada vez mais precisando de informações para se integrarem aos seus motoristas, não é interessante que esses dados sejam compartilhados – pelo menos não de graça – com outras gigantes de tecnologia.