O Governo Federal está trabalhando no desenvolvimento de um modelo de linguagem de inteligência artificial (IA) brasileira, revelou Henrique Miguel, Secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em entrevista ao Mobile Time. A iniciativa faz parte do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) e tem como objetivo criar um LLM (Large Language Model) em português, utilizando bases de dados públicas para fortalecer a infraestrutura tecnológica do país.
O projeto visa posicionar o Brasil como protagonista no cenário global de IA, com um modelo que reflita a cultura e as necessidades locais. O LLM brasileiro terá como diferencial o uso de dados públicos nacionais, garantindo maior relevância e aplicabilidade no contexto nacional.
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Supercomputador e parcerias internacionais
Uma das ações prioritárias do PBIA é a aquisição de um supercomputador, que deve estar entre os cinco mais potentes do mundo. Essa infraestrutura será essencial para o desenvolvimento do LLM, que demandará alto poder de processamento.
Henrique Miguel, Secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital do MCTI, destacou que o Brasil busca parcerias com países da América Latina, Caribe e Europa para fortalecer o modelo. “Queremos um LLM robusto, que reflita nossa cultura e utilize dados históricos e públicos do país“, afirmou.


Desafios e rotas tecnológicas
O desenvolvimento do LLM brasileiro enfrenta desafios, como a estruturação de bases de dados públicas e a garantia de segurança no uso dessas informações. O governo avalia a possibilidade de iniciar o projeto a partir de um modelo básico, seguindo práticas internacionais, mas com adaptações para atender às especificidades nacionais.
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A regulação também é um ponto crítico. Um projeto de lei sobre IA está em tramitação no Senado, mas ainda há debates sobre como garantir a privacidade e a segurança dos dados utilizados no treinamento do modelo.
O PBIA inclui ainda a criação de uma Política Nacional de Data Centers, com foco em sustentabilidade. A ideia é desenvolver data centers “verdes”, que reduzam o consumo de energia e água, alinhados às demandas ambientais e à nova política industrial do país.
A conectividade também é prioridade, com a Telebras e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) desempenhando papéis estratégicos. A infraestrutura de fibra óptica e o 5G são considerados essenciais para garantir a eficiência dos data centers e do LLM.
Recursos humanos e investimentos
A formação de profissionais especializados em IA é outro eixo do plano. O MCTI trabalha em parceria com o Ministério da Educação (MEC) para ampliar a capacitação na área, além de programas para repatriar talentos brasileiros que atuam no exterior.
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Financiamentos do BNDES e incentivos fiscais estão sendo articulados para atrair investimentos privados. A expectativa é que, até 2026, as principais ações do PBIA estejam em pleno funcionamento, consolidando o Brasil como um hub de inovação em IA.
Fonte: Mobile Time