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Greve em Hollywood │ Estúdios queriam ser “donos de atores” usando IA

O uso de inteligência artificial para recriar atores voltou à tona com o início da greve do Sindicato dos Atores de Hollywood. A ideia é um dos pontos principais do conflito entre atores e estúdios, mas ganhou novos contornos após a categoria acusar a existência de planos para recriar atores de maneira perpétua utilizando IA. Na prática, a ideia era escanear os profissionais e usar sua imagem para sempre sem precisar pagar mais nada por isso.

Com a greve do Sindicato de Atores de Hollywood (SAG-AFTRA, na sigla em inglês), que se junta aos membros do Sindicato de Roteiristas (WGA), se destacou a vontade de estúdios utilizarem inteligência artificial para substituir atores e escritores, E as novas acusações apontam que há casos em que isso pode já estar acontecendo.

Durante conferência para anunciar o início oficial da greve, membros do SAG-AFTRA revelaram que a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP, na sigla em inglês) propôs um acordo em que faria com que figurantes fossem digitalmente escaneados após terem tido apenas um dia de trabalho. A ideia seria recriar esses profissionais digitalmente no futuro pagando apenas uma única diária.

Segundo o site Collider, essa tecnologia já é usada por estúdios há anos, inclusive em produções futuras, como Captain America: Brave New World e The Residence, da Netflix. De acordo com fontes do site, figurantes não tinham a opção de recusar o escaneamento, já que isso era obrigatório para ser contratado. Uma figurante do filme Cruella, da Disney, revelou que teve sua aparência escaneada e a explicação dada foi que era para “fazer as multidões parecerem maiores”.

Vale lembrar que a prática de utilizar a aparência de atores que estão mais velhos ou já faleceram não é novidade em grandes filmes. Produções como o recente Indiana Jones e a Relíquia do Destino e Blade Runner 2049 apresentaram versões mais novas de Harrison Ford e da atriz Sean Young. Em outros casos, como em Rogue One, os atores Peter Cushing e Carrie Fisher apareceram novamente nos papeis do Almirante Tarkin e a Princesa Leia Organa mesmo após suas mortes com o uso de dublês e computação gráfica.

Estúdios como donos dos atores para recriá-los em IA

Duncan Crabtree-Ireland, negociador do acordo entre SAG-AFTRA e a AMPTP, revelou que a proposta dos estúdios foi além do aceitável no uso de inteligência artificial, o que causou revolta nos atores.

Segundo Crabtree-Ireland, a oferta era que atores pudessem ser escaneados, receber por um dia de trabalho e sua imagem seria de propriedade do estúdio para sempre. Dessa forma, as empresas que poderiam utilizá-la como figurantes em qualquer projeto, incluindo futuros, sem precisar pedir autorização ou realizar qualquer pagamento por isso.

Essa proposta incomodou os membros do SAG-AFTRA por motivos óbvios, já que a medida exploraria atores e os deixariam vulneráveis dentro da indústria. Outra possibilidade é a de que um desses figurantes poderia se tornar um ator famoso e, tecnicamente, estúdios teriam o aval para utilizar a sua aparência e utilizá-la em qualquer produção, da maneira que bem entendessem.

No seu discurso oficializando a greve, a presidente do SAG-AFTRA, Fran Drescher, fez coro a um ponto que já havia sido levantado pelos membros do WGA:

“Se nós não formos firmes agora, nós estaremos com problemas. Nós estaremos todos correndo risco de sermos trocados por máquinas.”

Ainda não existe qualquer previsão sobre a retomada de negociações entre o SAG-AFTRA, WGA e a AMPTP.

Fonte: Collider

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