Em junho de 2022, o Hyundai Creta estreou a versão N Line no Brasil, destinada para modelos com um visual mais esportivo. É uma receita bem conhecida e que tem aparecido até entre os SUVs compactos. Porém, esta configuração era vendida somente com o motor 1.0 turbo, assim faltava uma opção para quem queria o utilitário com uma motorização mais potente. A resposta da Hyundai foi a série limitada N Line Night Edition, com o 2.0 aspirado de 167 cv.
O Hyundai Creta N Line Night Edition acabou tornando-se a segunda opção com o motor 2.0 e a versão mais cara do SUV compacto – ao menos até o fim dos estoques, que já vendeu 850 das 900 unidades produzidas. Por R$ 185.890, já encosta nos preços de utilitários médios. O Jeep Compass Longitude custa R$ 188.590, o Toyota Corolla Cross na versão GR-Sport sai por R$ 192.990 e o Volkswagen Taos Comfortline parte de R$ 186.280.
Para conquistar o cliente, a Hyundai apoia-se na fama que criou nos últimos anos e na reputação do Creta. Seu design pode ter dividido opiniões, mas quem gosta de suas linhas o põe em um patamar diferente em comparação aos seus rivais, em sua maioria com linhas mais sóbrias. Este visual é realçado para a N Line, Recebendo uma grade diferente, mais larga e com um acabamento diferente, além de toda pintada de preto. Logo acima aparece uma entrada de ar na linha do capô. O para-choque foi redesenhado, sem os faróis de neblina. E ainda tem os faróis exclusivos, com um conjunto full-LED; as saias laterais; o escapamento duplo; e um aerofólio.
No caso da versão Night Edition, o tema escuro foi aproveitado em alguns detalhes, como as máscaras negras para os faróis e lanternas e as rodas exclusivas pintadas de preto. O mesmo acontece no interior, repetindo o tom no acabamento, porém com alguns detalhes diferentes. Por exemplo, a manopla da transmissão ganhou uma linha vermelha no centro, mesma cor usada em algumas costuras pela cabine. Completando o visual estão os pedais de alumínio e o logo Night Edition nas soleiras, com a numeração da edição limitada.
Estas mudanças ajudam com que esta versão se diferencie das demais nas ruas. OS equipamentos são os mesmos do Creta Ultimate, trazendo seis airbags, uma tela de 7 polegadas no painel de instrumentos, central multimídia de 10,25 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, freio de estacionamento eletrônico com auto hold, câmera 360°, monitor de ponto cego, teto solar panorâmico, banco do motorista com ventilação e ajuste elétrico, seletor de modo de condução, controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa, frenagem automática de emergência e mais. Tem um item exclusivo, o sistema de som Bose com oito alto-falantes.
No geral, é muito bem equipado, como esperamos de uma versão topo de linha neste segmento. A única crítica neste quesito é a falta de conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay. O que realmente torna isso um problema é o fato de que o Creta Limited, por R$ 146.390, tem uma central de 8 polegadas com a conexão wireless, mas a tela maior de 10,25” perde esta função.
Os bons atributos do Creta continuam a agradar bastante. O espaço nos bancos traseiros é bom, mesmo com o túnel central, que adota uma forma inclinada para incomodar menos. Aproveita bem o entre-eixos de 2.610 mm para acomodar melhor quem vai atrás e não cortou espaço no porta-malas, com 422 litros de capacidade. Mesmo em uma viagem com a família, ninguém reclamou de ir na segunda fileira.
Mesmo ao trocar de geração, o SUV manteve a plataforma vinda do Elantra, aproveitando a boa base para entregar um comportamento bem equilibrado em quase todos os pontos. Resolve um pouco o problema das outras versões do Creta, por receber uma calibração diferente para a direção elétrica, os amortecedores e as molas, deixando tudo mais firme. Assim, é mais estável nas curvas. O conforto foi afetado de leve, passando um pouco mais de vibração para a cabine em pisos ruins, mas não a ponto de virar um ponto fraco.
Seu principal argumento é o motor 2.0 aspirado de quatro cilindros, que foi atualizado para esta geração para entregar 167 cv e 20,6 kgfm, bem mais do que os 120 cv e 17,5 kgfm da versão 1.0 turbo. Só que estes números enganam, pois seu desempenho não é tão melhor assim no dia a dia, apenas mais acordado no uso rodoviário e em arrancadas mais fortes por não ter o turbolag.
Ao menos, se realmente quiser esta motorização, vai encontrar um bom casamento com o câmbio automático de 6 marchas, com uma calibração muito melhor do que na geração anterior, evitando segurar demais uma marcha ou reduções desnecessárias. O seletor de modo de condução oferece quatro modos: Normal, Eco, Sport e Smart, alterando o comportamento do câmbio e as respostas do acelerador e direção de forma bem distinta.
O Hyundai Creta é um dos SUVs compactos mais vendidos do Brasil por bons motivos e o N Line Night Edition mostra bem isso. É bem equipado, entrega uma dinâmica equilibrada e tem uma mudança visual o suficiente para atrair quem gosta de exclusividade. Porém, o preço está um bocado alto e entra muito no segmento acima. Vai virar uma escolha entre ter um modelo maior, ou um menor mais equipado. Se é a sua escolha, é melhor correr, pois só restam 50 unidades desta versão especial.
Fotos: Mario Villaescusa