
O Space Telescope Science Institute (STScI) anunciou os estudos selecionados para o segundo ano de operações do telescópio James Webb (JWST). As pesquisas incluem temas como formação de exoplanetas, galáxias, estruturas em grande escala do universo, física estelar, buracos negros supermassivos e galáxias ativas.
A primeira imagem do JWST foi revelada há um ano e, desde então, vimos imagens incríveis do universo e testemunhamos descobertas empolgantes, desde as galáxias mais distantes já observadas até a molécula de carbono cátion metil encontrada em um sistema estelar.
Com o segundo ciclo de operações do telescópio, cerca de 5.000 horas serão usadas pelas maiores pesquisas selecionadas, além de outras 1.215 horas de tempo paralelo, ou seja, com uso de outros instrumentos científicos simultaneamente à utilização do instrumento principal. Esses estudos paralelos podem ser feitos para complementar a observação primária ou por outra equipe com outros objetivos.
O tempo foi distribuído entre as propostas selecionadas pelo Comitê de Alocação de Telescópios (TAC) do Ciclo 2, que se reuniu em abril de 2023. As maiores propostas (Treasure and Legacy) receberam mais de 75 horas de observação, enquanto as pesquisas menores receberam 15 horas cada. Outras ideias pequenas vão ter algo entre 15 a 35 horas, e as médias, entre 35 a 72 horas.
O JWST já revolucionou algumas áreas de pesquisa, trazendo informações com riqueza de detalhes nunca vista antes. Um exemplo é a descrição das atmosferas de exoplanetas — a primeira leitura de espectro atmosférico feita com o James Webb já era a mais completa já obtida pelos astrônomos. Agora, espera-se descobrir ainda mais sobre os mundos já descobertos.
Outro grande foco vai ser a época conhecida como Amanhecer Cósmico, ou Época da Reionização, que começou um bilhão de anos após o Big Bang. Observar esse período é possível quando se encontra galáxias localizadas a cerca de 13 bilhões de anos no passado, ou seja, cuja luz viajou por 13 bilhões de anos antes de chegar à Terra. O JWST tem feito isso ao encontrar as galáxias mais antigas já vistas, e continuará fazendo no segundo ciclo.
Quanto aos buracos negros, os pesquisadores querem descobrir o papel que eles desempenham na evolução das galáxias, em especial os quasares, onde buracos negros supermassivos ejetam quantidades exorbitantes de matéria, potencialmente interrompendo a formação de novas estrelas.
Centenas de propostas foram selecionadas para o próximo ano de atividade. Confira abaixo algumas de cada área de pesquisa.
Em algumas pesquisas, os cientistas vão usar a sensibilidade do Webb para obter imagens diretas de exoplanetas, algo que até agora tem sido extremamente raro de acontecer. Claro, ainda é muito importante obter espectros de suas atmosferas, e agora com um alvo preferencial: planetas rochosos ao redor de estrelas anãs vermelhas próximas.
Eis alguns estudos sobre exoplanetas:
Para estudar o Amanhecer Cósmico, uma equipe recebeu 615 horas para conduzir um levantamento 3D de 60.000 galáxias localizadas de 10 bilhões a 13 bilhões de anos atrás. Também vai haver pesquisas sobre o Meio-dia Cósmico, que corresponde a 2 e 3 bilhões de anos após o Big Bang.
Os cientistas vão tentar encontrar as estrelas da segunda geração, conhecidas como População II, com metalicidades (quantidade de elementos além de hidrogênio e hélio) de um milésimo daquela encontrada no Sol. Por fim, as indedectáveis estrelas da primeira geração (População III) também vão ser alvo de pesquisas no Ciclo 2.
Veja os títulos de alguns dos estudos sobre galáxias que veremos nos próximos meses:
Entre os estudos sobre nosso próprio “quintal cósmico”, estão alvos como a atmosfera superior de Júpiter e os objetos interestelares que vão passar pelo nosso Sistema Solar em um futuro próximo. Também serão investigadas as composições da família de asteroides Centauros, Troianos e os objetos transnetunianos (TNOs).
Veja alguns deles:
Nessa categoria estão estudos sobre a evolução estelar, incluindo as supernovas (explosões de estrelas massivas) e seus remanescentes (estrelas de nêutrons e buracos negros). Também vão ser investigadas anãs brancas (estrelas menos massivas mortas) e as circunstâncias que podem resultar na formação de novas estrelas.
Confira alguns estudos:
Quando um buraco negro no núcleo galáctico se alimenta de matéria e ejeta plasma, a formação de estrelas em toda a galáxia pode ser interrompida. Essa ejeção de matéria é conhecida como “feedback” e, quando acontece, os astrônomos dizem que a galáxia tem um núcleo galáctico ativo (AGN). As pesquisas do Ciclo 2 vão tentar decifrar alguns detalhes mal compreendidos desses processos.
Também chama a atenção o estudo sobre um assunto que já parecia “enterrado”: o buraco negro que teria fugido do centro de sua galáxia. No início de 2023, a equipe do Prof. Pieter van Dokkum detectou um possível rastro de estrelas jovens formadas pelo percurso rápido de um buraco negro fugindo para fora da galáxia, mas outra pesquisa refutou essa hipótese. Agora, o James Webb será usado para buscar uma resposta definitiva.
Por fim, os cientistas vão usar o JWST para tentar descobrir como buracos negros supermassivos se tornaram tão grandes em menos de 1 bilhão de anos após o Big Bang.
Veja alguns dos próximos estudos sobre buracos negros:
Existem muitas outras pesquisas incríveis a serem realizadas durante o Ciclo 2 do James Webb, e você pode conferir a lista completa no site do Space Telescope Science Institute.
Fonte: STScI