
Já parou para refletir como o simples ato de amamentar não impacta somente no seu âmbito individual, mas também no coletivo e até mesmo no ambiental?
Neste dia 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, podemos trazer uma reflexão: cada gota de leite materno carrega em si um potencial transformador que se estende muito além da saúde individual.
Enquanto os benefícios fisiológicos da amamentação são amplamente divulgados – como a redução de até 50% nas infecções infantis -, seus impactos sociais e ecológicos permanecem nas sombras do debate público. Estudos mostram que a produção industrial de fórmulas infantis esconde uma cadeia de custos ambientais alarmantes. A produção de uma única lata de fórmula infantil gera um impacto ambiental considerável, desde a fabricação até a comercialização e descarte de resíduos.
As pesquisas revelam que, em sua produção, são necessários aproximadamente 699 litros de água preciosa para produzir e preparar 1 kg de fórmula comercial infantil – desde a reconstituição do leite até a limpeza de mamadeiras. Esse processo ainda libera dióxido de nitrogênio na atmosfera, gás tóxico que agrava problemas respiratórios.
Os números impressionam ainda mais, visto que as indústrias de substitutos do leite materno geram cerca de 86.000 toneladas de resíduos metálicos e 364.000 toneladas de papel – equivalente a produção de 550 milhões de embalagens que, uma vez descartadas, permanecerão no meio ambiente por até cinco séculos antes de se decomporem (por até 500 anos).
Enquanto isso, o leite materno flui como um recurso perfeito da natureza: renovável, biodegradável e produzido sem custos ambientais. Portanto, asta não é apenas uma questão de saúde pública, mas de justiça socioambiental. Pois, cada lata de fórmula que substitui o aleitamento natural representa não apenas uma oportunidade perdida de fortalecer o sistema imunológico infantil, mas também um fardo adicional para nosso já combalido ecossistema. Nesse sentido, escolher o leite materno é assinar um pacto tríplice: com a vida que começa, com a sociedade que acolhe e com a Terra que sustenta.
Bruna Gomes