Parte do prédio do CFM, em Brasília
A médica sanitarista Lígia Bahia foi alvo de uma ação judicial do Conselho Federal de Medicina(CFM) devido a declarações feitas em uma entrevista durante a pandemia da Covid-19.
Segundo o órgão, ela teria feito “acusações infundadas”, “proselitismo ideológico” e “discurso de ódio” contra a instituição durante uma entrevista ao programa “Em detalhes”, no YouTube.
Na ocasião, a sanitarista criticou a postura do Conselho em relação à vacinação contra a Covid-19 e ao apoio dado pela entidade ao uso de cloroquina durante a pandemia.
“É ultra preocupante que o Conselho Federal de Medicina seja ocupado, digamos assim, politicamente, por posicionamentos político-partidários muito claros”,
Até o momento, a Justiça negou a liminar solicitada pelo CFM para retirar do ar a entrevista com Lígia Bahia. O processo exige que Lígia pague uma indenização no valor de R$ 100 mil e faça uma retratação pública.
Entidades científicas expressam apoio à médica
Em nota divulgada nesta segunda-feira (3), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) expressaram apoio à médica.
“As declarações da professora Ligia Bahia refletem consensos científicos amplamente reconhecidos, tanto no Brasil quanto internacionalmente. Ao buscar puni-la por defender estratégias baseadas em evidências científicas, o CFM se afasta dos princípios básicos da ciência e da liberdade de expressão, que fundamentam a vida acadêmica e as sociedades democráticas”, diz trecho da nota assinada por Helena Bonciani Nader (ABC) e Renato Janine Ribeiro (SBPC).
Quem é a médica Lígia Bahia?
Com experiência na área de saúde coletiva, com ênfase em Políticas de Saúde Planejamento, conforme descrito pelo site Escavador, Ligia Bahia leciona na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, é mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (1990) e doutorado, nesta mesma área e pela mesma fundação (1999).
Confira a nota na íntegra
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) vêm a público manifestar seu apoio à professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Conselho da SBPC, Ligia Bahia, diante das acusações feitas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
O processo movido pelo CFM exige retratação e indenização por declarações dadas por ela no canal de YouTube “O Conhecimento Liberta (ICL)”, onde criticou a postura do Conselho em relação à vacinação contra a COVID-19 durante a pandemia e o apoio ao uso da cloroquina no tratamento. Além disso, ela contestou o posicionamento do CFM contrário à legislação que permite o aborto em crianças vítimas de estupro.
As declarações da professora Ligia Bahia refletem consensos científicos amplamente reconhecidos, tanto no Brasil quanto internacionalmente. Ao buscar puni-la por defender estratégias baseadas em evidências científicas, o CFM se afasta dos princípios básicos da ciência e da liberdade de expressão, que fundamentam a vida acadêmica e as sociedades democráticas.
A SBPC e a ABC expressam sua firme solidariedade a Ligia Bahia, destacando sua trajetória exemplar na defesa da ciência e na luta incansável pela melhoria das condições de saúde da população brasileira.
Assinam a nota Helena Bonciani Nader; presidente da ABC e Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC.