Mickey 17: Até Onde Vai a Sua Identidade Quando a Vida se Torna Substituível?

Mickey 17″ é um daqueles filmes que, ao mesmo tempo, te prende pela história e te faz refletir sobre questões profundas de nossa existência. Dirigido por Bong Joon-ho, que nos deu Parasita e outros trabalhos incríveis, o filme traz uma proposta que mistura ficção científica com uma crítica muito atual à sociedade, e à nossa relação com a tecnologia e com a vida humana.

A trama gira em torno de Mickey Barnes (interpretado por Robert Pattinson), um dos chamados “Descartáveis”, que são clonados para missões perigosas em outros planetas. A pegada aqui é que a vida desses indivíduos é considerada substituível — eles morrem e são substituídos sem grandes preocupações. Só que, quando Mickey morre pela 17ª vez, ele volta e descobre que já existe uma versão dele mesma ativa no planeta. Aí começa a confusão ética e emocional, porque como lidar com dois clones do mesmo ser coexistindo no mesmo espaço?

A forma como o diretor trabalha o humor diferenciado é um ponto que chama a atenção. Não é um humor fácil ou óbvio, mas um tipo de comédia mais sutil, que surge nos momentos mais inesperados e que, ao invés de desviar a atenção da gravidade da história, só a enriquece. É aquele tipo de humor que te faz rir e pensar ao mesmo tempo.

O elenco também é incrível. Robert Pattinson se entrega completamente ao personagem, trazendo uma camada de complexidade para Mickey. Ao lado dele, temos uma seleção de atores de peso, como Naomi Ackie, Steven Yeun, Toni Collette e Mark Ruffalo, que ajudam a construir uma narrativa bem mais densa do que um filme de ficção científica comum.

E, claro, a parte visual não poderia ser menos impactante. O planeta gelado de Niflheim e os Creepers (os nativos alienígenas) são elementos que não só enriquecem a estética do filme, mas também geram um questionamento sobre o que é ser “alienígena” em um contexto de clonagem e substituição de identidades. Bong Joon-ho, como sempre, consegue aliar a beleza visual a uma carga emocional e filosófica muito forte.

O que Mickey 17 faz com maestria é usar a ficção científica para questionar temas como identidade, sacrifício e até onde a tecnologia pode levar a humanidade, sem perder o ritmo e sem se tornar uma lição moral cansativa. É um filme que, ao final, deixa você com mais perguntas do que respostas, e essa é uma das grandes forças do diretor. Ele não oferece respostas fáceis, mas te provoca a refletir sobre tudo o que está acontecendo ao seu redor.

Em resumo, Mickey 17 não é só um filme para quem gosta de ficção científica, é um filme para quem gosta de pensar. Mais uma vez, Bong Joon-ho entrega uma obra que mistura entretenimento com profundidade, e com uma dose de humor que é impossível de não notar.

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