Uma discussão entre o vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo (PL), e o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, ocorreu na frente de moradores de rua nesta terça-feira durante uma visita do aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB) ao bairro de Belém, na Zona Leste da capital paulista. Imagens que registram o momento do atrito foram compartilhadas nas redes sociais.
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O episódio ocorreu poucos dias após o padre confrontar Mello Araújo sobre comentários feitos pelo vice-prefeito nas redes sociais, em que acusa Lancellotti de “fazer um desserviço” ao supostamente contribuir para a concentração de usuários de drogas na região. Na ocasião, o padre respondeu às acusações afirmando ter ficado “perplexo” com o ataque.
O encontro ocorreu quando o padre procurou o vice-prefeito, que realizava uma ação para cadastramento de moradores em situação de rua em busca de emprego, para se apresentar e tratar sobre a situação no local. Entretanto, a tentativa de diálogo logo se transformou em uma discussão.
Ao g1, Lancellotti afirmou que foi ao encontro de Mello Araújo para pedir que não o colocasse “em risco”, já que falas de uma autoridade “alimentam o ódio” contra ele e a população de rua.
O vídeo publicado pelo padre nas redes sociais mostra que o vice-prefeito se recusa a cumprimentá-lo e, durante a discussão, insinua que Lancellotti deveria abrir as portas da igreja para receber moradores de rua. O coordenador da pastoral, então, rebate:
— Eu não recebo dinheiro da prefeitura. Quem recebe é que tem que abrir.
Os dois voltaram a discutir mais tarde, durante visita do vice ao Centro Comunitário São Martinho de Lima. Lancellotti tenta explicar demandas das populações de rua, enquanto Mello Araújo insiste em perguntar se ele queria dinheiro da prefeitura.
O vice-prefeito tentou justificar a visita como parte de uma “missão de paz” e convidou Lancellotti para uma reunião em seu gabinete. Mello Araújo também compartilhou um balanço da ação do bairro nesta terça-feira, informando que nove pessoas foram encaminhadas para internação, duas para seus estados de origem e outras para “possibilidades de emprego”.
Após a repercussão do caso, o padre afirmou que “não houve discussão nem bate-boca”. Segundo Lancellotti, o que ocorreu foram “diferentes posições frente a tanta violação dos direitos-humanos” em São Paulo. Já Mello Araújo não se manifestou.