Lançada em 2021, a geração atual da F-150 provavelmente ainda terá uma longa vida no mercado. Pelo menos é o que indica o portal estadunidense Automotive News, que teria obtido informações de fornecedores que foram avisados pela fabricante sobre o atrasado do projeto da próxima encarnação da picape.
Embora o motivo do adiamento não esteja claro, ele ocorre em um momento turbulento para a indústria automobilística. Com os Estados Unidos enfrentando uma guerra comercial, incertezas regulatórias e desafios na transição para veículos elétricos — incluindo riscos de crise generalizada com o fim de incentivos fiscais —, as decisões dos fabricantes situados na América do Norte foram praticamente congeladas no que se refere a novos produtos.
Foto de: Mario Villaescusa / Motor1.com
O mesmo ocorre com o grupo Stellantis, que, após a saída de seu ex-CEO Carlos Tavares, vem promovendo uma reestruturação interna em todas as suas marcas. Como consequência desse processo, a RAM anunciou, ainda no fim do último ano, o adiamento da produção de sua picape 1500 elétrica, que estava programada para ser fabricada em Sterling Heights, Michigan. Situação semelhante aconteceu com a General Motors, que postergou em pelo menos um ano o lançamento das próximas Chevrolet Silverado e GMC Sierra EV, agora previstas para 2026.
A reprogramação da nova geração da F150 ocorre ainda em um momento que sua versão elétrica, chamada de Lightning, ainda não deslanchou nas vendas, o que deixou muitos forneceres em déficit financeiro. A montadora emitiu um “chamado para ação” aos fornecedores no ano passado, solicitando planos para reduzir custos em elétricos, nos quais a Ford perdeu US$ 5 bilhões em 2024. A empresa deixou claro que espera economias de custos em plataformas tradicionais também.
Próximas Chevrolet Silverado e GMC Sierra elétricas também vão atrasar
Contratos com a Ford, assim como com outras montadoras, normalmente exigem que os fornecedores ofereçam entre 2% e 4% de redução de custos a cada ano durante o ciclo de vida de um programa, segundo executivos ouvidos pela agência Crain’s. A ideia é que as fornecedoras aprimorem continuamente seus processos de fabricação e repassem essas economias à montadora.
Lançamentos de novos veículos são essenciais para os fornecedores, que dependem deles para firmar novos contratos com preços ajustados à realidade econômica. Simplificando, um novo modelo redefine os custos de toda a cadeia, o que é vantajoso para os fornecedores, mas oneroso para as fabricantes.
37
Mario Villaescusa / Motor1.com
Comunicar um adiamento com antecedência, como a Ford está fazendo com a F-150, permite que os fabricantes de peças se planejem melhor e evitem imobilização de capital, segundo representantes do setor. Desde que a executiva Liz Door assumiu a cadeia de suprimentos da Ford em 2023, a comunicação e a transparência da montadora com os fornecedores melhoraram significativamente, acrescentaram as fontes.
Ao mesmo tempo, o atraso convida mais competição, dando aos fornecedores tempo extra para cotar o programa e fornecer as soluções de custo e qualidade que a Ford está buscando. Para a tradicional F-150, que representa volumes fortes e confiáveis, a competição é feroz.
Foto de: Ford
No Brasil, F-150 só na versão Lariat
A geração atual da F-150 foi lançada no Brasil em 2023, tendo sofrido uma reestilização de meia-vida no fim do ano passado. Suas duas versões: Lariat e Lariat Black, ambas com preço de R$ 545.000. Sob o capô, a picapona conta com um motor motor V8 5.0 com 405 cv e 56,7 kgfm de torque, ligado ao câmbio automático de 10 marchas com tração 4×4 com reduzida e opção automática. O tanque de 136 litros permite uma autonomia acima dos 1.000 km, segundo a Ford, com o consumo de 6,3 km/litro na cidade e 8,6 km/litro na estrada, homologados pelo Inmetro.
A reestilização da picape F-150 para cá teve mudanças de visual, equipamentos e tecnologia, além de perder a antiga versão topo de linha devido a uma reconfiguração do portfólio da marca. Nos EUA, a F-150 Platinum passou a ser vendida somente com o 3.5 Ecoboost.
VEJA EM NOSSA YOUTUBE
