Conhecido pela capacidade de causar danos à saúde e ao organismo humano, como ficou bastante evidente no caso de Goiânia, o césio-137 (Cs-137) é a forma radioativa mais comum do elemento químico césio. Este isótopo, considerado um radioisótopo, emite as radiações beta e gama, durante a sua meia-vida de mais de 30 anos até a desintegração.
Em termos mais técnicos, é interessante saber o porquê do radioisótopo césio 137 estar sempre acompanhado do número com três algarismos. O 137 surge da soma do número atômico (quantidade de prótons no núcleo), que é 55, com o número de nêutrons, 82. Na química, outros exemplos de variações são o césio-133 e o césio-134.
Na temperatura ambiente, o césio-137 tenderia a estar em estado líquido, já que é a sua forma pura, mas isso é bastante raro. Como ele se liga facilmente a cloretos (cloreto de césio), a forma mais conhecida é a de um pó cristalino, como um pó azul brilhante.
Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, em inglês), “o césio-137 é produzido por fissão para uso em dispositivos médicos e medidores”. Nesses casos, está presente em equipamentos de radioterapia para o tratamento do câncer ou ainda em medidores de densidade e espessura na indústria.
“É também um dos subprodutos dos processos de fissão nuclear em reatores nucleares e testes de armas nucleares”, acrescenta a agência. Em acidentes nucleares ou explosões de bombas atômicas, ele não pode ser visto, mas será encontrado na poeira e nos detritos da precipitação.
Acidentes com césio-137 na história
Depois de entender o que é césio-137, vale mencionar que o isótopo radioativo precisa estar sempre protegido por algum tipo de recipiente resistente, redondo e de metal, com um símbolo radioativo ou símbolo tóxico evidente. É recorrente o uso de chumbo para estes fins.
Em setembro de 1987, a cidade de Goiânia, no estado de Goiás, foi palco do segundo maior acidente radioativo da história após Chernobyl, segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), envolvendo justamente o césio-137. Tudo aconteceu por causa do descarte incorreto de material hospitalar e sua violação por desconhecimento, o que afetou centenas de pessoas.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, o acidente de Goiânia com o césio-137 está diretamente relacionado com “o manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado, onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia”. Na época, a vigilância sanitária não era tão levada a sério.
“Com a violação do equipamento [usado no tratamento do câncer], foram espalhados no meio ambiente vários fragmentos de césio-137, na forma de pó azul brilhante, provocando a contaminação de diversos locais, especificamente naqueles onde houve manipulação do material e para onde foram levadas as várias partes do aparelho de radioterapia”, acrescenta a SES-GO.
Mais acidentes com césio-137
Em fevereiro deste ano, a Austrália conseguiu impedir um possível incidente envolvendo o césio-137, após recuperar, com sucesso, uma cápsula radioativa de uma das maiores mineradoras do mundo, a anglo-australiana Rio Tinto. Como a cápsula não foi violada, são remotas as chances de contaminação pelo radioisótopo.
Como já adiantamos, o césio-137 pode ser liberado em acidentes nucleares. Foi exatamente isso que ocorreu em abril de 1986, durante o Acidente Nuclear de Chernobyl, na atual Ucrânia. Mais recentemente, o radioisótopo também foi liberado no incêndio na usina nuclear de Fukushima, em março de 2011, após um terremoto no Japão.
Perigos do césio-137 para a saúde humana
O cério-137 é perigoso para a saúde por emitir partículas ionizantes e radiações eletromagnéticas que atravessam os tecidos humanos, além de outros materiais. Nesse contexto, a EPA informa que a exposição pode causar queimaduras, doenças agudas causadas pela radiação e até mesmo a morte do indivíduo. Isso pode ocorrer com o manuseio inadequado ou em acidentes nucleares.
Além das queimaduras, o risco mais associado com a exposição ao césio-137 é o do câncer. “A exposição interna ao Cs-137 por ingestão ou inalação permite que o material radioativo se distribua nos tecidos moles, principalmente no tecido muscular, o que aumenta o risco de câncer”, acrescenta a agência norte-americana. Por isso, é altamente recomendável nunca se aproximar de rejeitos radioativos.
Fonte: EPA, SES de Goiás, Jornal da USP e CDC