Peças inspiradas em Paulo Leminski e Dalton Trevisan mostram força do teatro local no Festival de Curitiba

Figuras folclóricas da cultura brasileira, o poeta Paulo Leminski (1944-1989) e o escritor Dalton Trevisan (1925-2024), marcos fundamentais da literatura paranaense, estão devidamente homenageados nesta edição da Mostra Lúcia Camargo, a principal do Festival de Curitiba. As peças “Cabaré Haikai” e “Daqui ninguém sai”, inspiradas na vida e na obra de ambos, respectivamente, são amostras das produções locais do evento, que vai até 6 de abril.

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“Cabaré Haikai” fez apresentações no Teatro José Maria Santos, na terça e na quarta-feira (25 e 26), com ingressos esgotados. O diretor Roddrigo Fôrnos falou com O GLOBO sobre a montagem, espécie de colagem da obra leminskiana em meio a muitos livros e papéis que se amontoam num cenário com uma mesa e algumas cadeiras.

— Quando mergulhei na obra dele, vi que não era só o maluco de Curitiba que falava alto, o puta publicitário, e todas aquelas coisas que falam dele — disse Fôrnos. — A peça é uma colagem do Leminski em sua totalidade, o contista, o poeta, o compositor, o escritor, o articulista, o provocador. Fomos construindo o arco dramático com muita leveza.

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O diretor, que é de Santos, litoral paulista, mas que mora em Curitiba há mais de 20 anos, avaliou como o evento tem fomentado, ao longo das últimas três décadas, a cena teatral da cidade:

— A cena melhorou muito, as pessoas estão buscando excelência, trabalhos bem executados. E o festival tem um papel muito importante nisso. A cidade fica cheirando a teatro, fica colorida, você vê as pessoas andando na rua com a programação, indo de um teatro pro outro, é incrível.

Críticas a Curitiba. “Daqui ninguém sai”: espetáculo que estreou ontem se apoia em contos e em cartas de Dalton Trevisan: “Só quem ama tanto essa cidade pode odiar tanto também”, diz a diretora, Nena Inoue — Foto: Divulgação/Annelize Tozetto

Do Teatro de Comédia do Paraná, “Daqui ninguém sai”, dirigido por Nena Inoue, se apoia em contos de Trevisan e em cartas trocadas pelo chamado Vampiro de Curitiba com outros escritores. A peça fez sua estreia nacional ontem.

— A gente traz um Dalton de várias épocas, mas principalmente um Dalton de denúncia, que faz críticas à cidade de Curitiba, porque só quem ama tanto essa cidade pode odiar tanto também — diz Inoue. — Dalton tem uma obra muito vasta, muito potente, mas a gente focou em textos e contos mais atuais onde a gente mostra um outro Dalton.

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Entre as produções locais da mostra principal, há também peças como “Ao vivo (dentro da cabeça de alguém)”, da Companhia Brasileira de Teatro, com Renata Sorrah e texto e direção de Márcio Abreu; e “Nebulosa de Baco”, da Cia. Stravis-Damaceno, tragicomédia inspirada na obra de Luigi Pirandello. A última traz uma peça dentro de outra, com a história de uma atriz que, ao se preparar para um espetáculo, se dá conta de que não consegue chorar. Depois de 80 apresentações em Rio, Brasília e Belo Horizonte, “Nebulosa de Baco” terá sessões no Guairinha nos dias 5 e 6.

— É uma peça também inspirada em relatos reais. Leva o público a gargalhar, mas também tem momentos perturbadores — diz o diretor Marcos Damaceno, que também assina a dramaturgia.

Fabiula Passini, diretora do Festival de Curitiba, reafirma a ligação da companhia que monta “Nebulosa de Baco” com o evento.

— Pra gente é muito massa receber grandes nomes do teatro curitibano aqui. A Cia. Stravis-Damaceno tem uma história linda com o festival. Eles começaram no Fringe (a mostra alternativa do Festival de Curitiba), e é muito legal a gente os ver percorrendo o Brasil com tanto talento.

Ricardo Ferreira viajou a convite do Festival de Curitiba

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