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Pela primeira vez, sabemos como funcionam os receptores olfativos

Em estudo publicado na revista científica Nature, pesquisadores descreveram pela primeira vez como os receptores olfativos funcionam, ou seja: como acontece exatamente a captura uma molécula de cheiro no ar, evento químico fundamental que desencadeia nosso olfato.

Até então, a comunidade científica enfrentava um desafio: os receptores olfativos humanos resistiam às tentativas de se visualizar os detalhes de seu funcionamento. Mas o estudo recente conseguiu contornar isso, levando a novas compreensões acerca desse processo.

A complexidade da química que o nariz detecta tornou o olfato particularmente difícil de explicar. Os pesquisadores pensam que os narizes humanos possuem cerca de 400 tipos de receptores olfativos que mudam de forma quando captam moléculas de odor. Essa reconfiguração faz com que os neurônios enviem sinais para as partes do cérebro que processam o odor.

No estudo em questão, os pesquisadores começaram a explorar a possibilidade de alterar geneticamente os receptores olfativos para torná-los mais estáveis ​​e fáceis de crescer em outras células.

Além isso, a equipe também optou por fazer a extração de um receptor natural. Para isso, o grupo escolheu um receptor de odor chamado OR51E2 e o expôs a uma molécula de odor chamada propionato, um ácido graxo curto produzido por fermentação.

Novas descobertas sobre receptores olfativos

A equipe descobriu que dentro da estrutura das moléculas interligadas, o OR51E2 havia aprisionado propionato dentro de um pequeno bolso. Quando alargaram esse bolso, o receptor perdeu muito de sua sensibilidade. O receptor também preferia moléculas de odor maiores, o que confirmou que o tamanho e a química do bolso de ligação sintonizam o receptor para detectar apenas um conjunto estreito de moléculas.

A análise também descobriu um pequeno laço flexível no topo do receptor, que se fecha como uma tampa quando uma molécula de odor se liga a ele. Os pesquisadores teorizam que outros receptores olfativos provavelmente funcionam de maneira semelhante.

Mas o próprio grupo reconhece que a questão de como os receptores respondem seletivamente a substâncias químicas transportadas pelo ar é apenas uma peça do quebra-cabeça. A ciência ainda precisa descobrir como o cérebro traduz as informações recebidas sobre a atividade do receptor.

O que a ciência já sabe sobre o olfato

Estudos anteriores já permitiram descobrir que o cheiro pode influenciar a percepção visual do ser humano, e o estímulo de cheiro está sempre conectado a um julgamento de agradabilidade. Para testar isso, a equipe usou imagens que retratavam um gradual de emoções.

Outra pesquisa chegou a apontar que a percepção do cheiro pelo cérebro funciona como notas musicais. Na ocasião, os cientistas criaram odores artificiais para descobrir como é possível diferenciar um cheiro do outro.

E você consegue imaginar qual é o melhor cheiro do mundo? Para responder essa questão, uma equipe de pesquisadores da Suécia analisou as respostas de 235 pessoas diante de uma série de experiências olfativas. Depois das classificações, os cientistas chegaram ao suprassumo dos aromas: baunilha.

Fonte: Nature, Quanta Magazine

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