

O milho sofreu na B3, mas mostrou resiliência na Bolsa de Chicago na semana passada. As projeções sobre os estoques finais norte-americanos foram reduzidas porque o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou a estimativa sobre as exportações do país para um recorde de 3,1 bilhões de bushels. Com esse contexto, os preços internacionais ficaram próximos a US$ 4,40/bushel.
Entretanto, no Brasil, o contrato de janeiro de 2026 recuou 2,7% na semana, negociado abaixo de R$ 71,90. De acordo com a plataforma Grão Direto, isso aconteceu porque o mercado futuro local foi pressionado pela percepção de que o plantio da soja dentro da janela ideal garantirá uma safrinha de milho cheia em 2026.
“Apesar da queda na bolsa, o mercado físico segue sustentado por um piso firme de demanda. O setor de etanol de milho e a indústria de proteína animal mantêm o consumo aquecido, evitando quedas bruscas no interior. As exportações brasileiras de dezembro também seguem em bom ritmo, confirmando que o milho nacional continua competitivo e demandado globalmente”, diz a empresa, em nota.
A atenção se volta agora para o desenvolvimento da 1ª safra de milho no Sul do Brasil. Diferentemente da soja, o cereal pode estar em fases sensíveis em estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As previsões de calor e chuvas abaixo da média para a semana acendem um alerta.
“Problemas na safra de verão podem aquecer os preços regionais e dar suporte à B3 no curto prazo. O ritmo das exportações será um indicador chave. Com o dólar sustentado acima de R$ 5,40, a janela de exportação continua atrativa”, sinaliza a Grão Direto.
De acordo com a plataforma, se os dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e Secretaria de Comércio Exterior (Secex) confirmarem volumes robustos, isso ajudará a enxugar a oferta doméstica antes da entrada da safrinha, criando uma barreira contra novas quedas de preço.
Agora, o planejamento da safrinha 2026 começa a influenciar. Com a colheita da soja se aproximando em Mato Grosso, o mercado monitora o ritmo de aquisição de insumos e a intenção de plantio. “Rumores sobre redução de tecnologia devido aos custos podem começar a precificar uma produtividade menor para o ciclo de inverno, fator que tende a ser altista no médio prazo”, destaca a empresa.

O Fed cortou as taxas de juros nos Estados Unidos (para 3,50%-3,75%), enquanto no Brasil o Copom manteve a Selic em 15%, fator criticado por entidades do setor produtivo.
“Esse diferencial gigantesco de juros mantém o Brasil atrativo para o capital especulativo, segurando o dólar na faixa de R$ 5,40 apesar da força global da moeda norte-americana. Para o produtor, o sinal é de alerta máximo: com a Selic a 15%, o custo de carregar o estoque (custo de oportunidade) é altíssimo (mais de 1% ao mês). Segurar o grão esperando altas moderadas pode significar prejuízo real”, avalia a Grão Direto.
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