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Série Cientistas da UFU: Flávia Batista

Banco de embriões de camundongo é a principal pesquisa de Flávia Batista (Foto: Marco Cavalcanti / Arte: Ludimila de Castro)

“Combinado amanhã? Se você não for, vai ficar sem pudim”. Essa foi a mensagem de confirmação para a entrevista desta reportagem e foi assim que Flávia Batista, pós-doutoranda do Laboratório de Biotecnologia em Modelos Experimentais da Universidade Federal de Uberlândia (Labme/UFU), nos recebeu: com uma boa sobremesa e um belo sorriso no rosto, o que combina com seu bom humor.

É no bloco 8G, do Campus Umuarama, que Batista passa todo o seu dia. Na maior parte do tempo, trajada de luvas, touca, propé, jaleco, máscara e atenta ao microscópio. O trabalho atual da pesquisadora é a criação de um banco de embriões de camundongos. Mas ela não caiu de paraquedas no laboratório. Sua vida acadêmica começou em 2009, quando ela cogitava seguir uma área não muito afim.

Cozinhar é um dos hobbies favoritos da pesquisadora (Fotos: Marco Cavalcanti)

 

Da botânica aos animais de laboratório

Batista é formada, desde 2012, em Ciências Biológicas pela UFU. “Quando eu entrei na Biologia, a minha intenção era entrar para área de botânica, eu entrei pensando nisso, porque eu gosto muito de planta”, relembra. Não à toa, quatro de suas tatuagens são de flores. O interesse por botânica veio de suas aulas do ensino médio, mas a trajetória acadêmica a levou para outros rumos.

No seu segundo ano de graduação, em 2010, a pesquisadora começou a fazer Iniciação Científica (IC) no Laboratório de Imunoparasitologia (LIP), sob orientação do professor Tiago Mineo. Lá, ela buscou anticorpos contra o Toxoplasma gondii em jacarés e seguiu trabalhando com animais silvestres em seu estágio, que aconteceu no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (Lapas), do Hospital Veterinário da UFU.

Após formada, o mestrado da, agora, bióloga, continuou sob orientação do professor Mineo, mas foi ali que ela conheceu a experimentação com modelo animal, área que ela trabalha até hoje no pós-doutorado. Sua pesquisa se direcionou para a infecção por Neospora caninum, um protozoário que, por muito tempo, foi confundido com o Toxoplasma gondii, mas que hoje sabe-se que são espécies diferentes. O doutorado seguiu a mesma linha, mas focado na mimetização da infecção da doença por vias orais.

 

Uma passagem pelas salas de aulas e o encontro com o laboratório

É diretamente no Labme que a Flávia atua e faz suas pesquisas (Foto: Marco Cavalcanti)

Em 2019, Flávia deu aulas no ensino fundamental. Apesar de gostar, a paixão pelos laboratórios sempre foi maior. “A minha vida é ficar dentro do laboratório. Eu já dei aula antes, quando entrei na Biologia. Eu também pensei em dar aula na área de botânica. Hoje, se eu fosse dar aula, seria para o ensino superior, mas o meu desejo é ser pesquisadora e continuar na pesquisa”, pontua.

Com esse ideal sempre em mente, ela participou do processo seletivo de pós-doutorado que faz atualmente. Foi quando retornou para o LIP e, posteriormente, se encontrou no Labme.

“O que eu acho que me cativou a trabalhar com modelo de animais, com imunologia, que é uma coisa que eu gosto, são as pessoas que eu encontrei no caminho. Acho que não adianta você só gostar daquilo, eu acho que o todo, as pessoas com quem você aprende, te influenciam muito. Eu fui influenciada positivamente. Quando entrei no Laboratório de Biotecnologia, encontrei pessoas que tinham na alma uma explosão de ensinar aquilo, elas tinham vontade de te ensinar sem nada em troca”, destaca.

Hoje, o principal foco de pesquisa da cientista é a construção do banco de embriões. O Labme, onde ela atua, faz parte da Rede Mineira de Biotecnologia em Modelos Experimentais (RMBME). A Rede é composta por várias universidades de Minas Gerais, dentre elas, a UFU, a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Universidade Federal de Alfenas (Unifal). O banco construído por Batista poderá ser utilizado por todas as universidades parceiras.

“Se você perde uma linhagem aqui, o custo para trazer um camundongo de fora, importar, é muito alto. Se temos um banco de embriões, a chance de perdermos uma linhagem, que está dentro do biotério, é menor, porque vamos ter ela congelada. Isso também auxilia para diminuir os custos da manutenção de um animal em um biotério quando ele não está sendo utilizado nas pesquisas”, explica.

Continuar pesquisando nos laboratórios é o que Batista deseja para o futuro (Foto: Marco Cavalcanti)

 

Fora do Lattes e perspectivas futuras

“Bom, a Flávia gosta de ver filme, a Flávia gosta de ver série, a Flávia gosta de cozinhar, de sair, de conversar com os amigos, de jogar vôlei, de ir pra academia. Por incrível que pareça, academia é uma coisa que eu peguei gosto”. Essa foi a resposta da bióloga ao ser questionada quem ela é fora do Lattes. Não à toa, em um dos grupos de preparação para o 17º Congresso da Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL), de que a pesquisadora participará em Fortaleza (CE), ela já foi selecionada pelos colegas como a responsável por preparar os treinos para poderem curtir a praia com uma boa forma.

Seu bom humor a fez se aproximar e ver uma família entre os pesquisadores e alunos de IC que orienta. Ela exemplifica que, para o processo seletivo de bolsa de IC para alunos de graduação atuarem no Labme, 15 concorreram e oito resolveram fazer pesquisa mesmo sem a bolsa. “Isso mostra que os alunos gostaram do ambiente aqui. Eu nunca fui tratada com hierarquia. Isso que me deixa livre para pesquisar, à vontade no ambiente de trabalho, e a gente tenta deixar os alunos à vontade também, sem uma hierarquia”, conta.

Ao relembrar o passado e refletir sobre o futuro, Batista recorda como as bolsas de auxílio foram essenciais para sua manutenção na pesquisa e que, mesmo a pesquisa não sendo tratada como trabalho hoje no Brasil, é a profissão que ela leva e quer continuar para sua vida.

 

“Apesar de todas essas dificuldades que a gente teve nos últimos anos, redução de bolsas, redução de auxílios, eu falo para as pessoas: venham, façam pesquisa, porque é muito gratificante, é muito bom você estar ali pesquisando e ver os resultados. Às vezes, o resultado não é o esperado, mas um resultado negativo também é um resultado, você tem que saber olhar para ele e transformá-lo em algo positivo. É muito gratificante ajudar a sociedade com aquilo que você faz”. – Flávia Batista.

De luvas azuis e sorriso no rosto, Batista mostra como o congelamento de embriões acontece (Fotos: Marco Cavalcanti)

 

8 de julho é o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, instituído pelas leis 10.221 e 11.807. A data foi escolhida em homenagem à fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 8 de julho de 1948. O objetivo é destacar a importância da ciência para a sociedade e divulgar os trabalhos feitos pelos pesquisadores brasileiros. Em comemoração ao 8 de julho, em todas as segundas-feiras deste mês, o portal Comunica UFU publica a série “Cientistas da UFU”, em que apresentamos alguns de nossos pesquisadores em diferentes etapas de formação. Acompanhe!

 

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Série Cientistas da UFU: Mikaela Marinho

Série Cientistas da UFU: Iago Caubi

 

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