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Uso de recursos dos países no FMI pode multiplicar financiamento a projetos contra a fome e a pobreza, diz presidente do BID

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) quer ampliar o uso de ativos dos países depositados no Fundo Monetário Internacional (FMI) para dispor de mais recursos para financiar projetos e iniciativas voltadas para o combate à fome e à pobreza. Segundo o presidente do BID, Ilan Goldfajn, os dólares vindos do FMI têm potencial de multiplicar o volume adicional em financiamento oferecido pelo banco.

— Existe uma iniciativa para todos os bancos multilaterais que é o novo instrumento de alocação de Direitos Especiais de Saque, os famosos DES dos países (no FMI). Para cada US$ 1 alocado nos bancos se pode alavancar US$ 7 em novos recursos — destacou o executivo em entrevista com jornalistas no espaço do U20, fórum de cidades do G20, neste sábado.

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O BID aderiu à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e anunciou, na sexta-feira, US$ 25 bilhões (mais de R$ 140 bilhões) para apoiar a implementação de políticas nacionais com foco em combater esses problemas.

Haverá ainda US$ 200 milhões para assistência técnica em recursos não-reembolsáveis, ou seja, doações para apoiar a implementação de políticas e programas sob o chapéu da Aliança. Ilan disse esperar que outros bancos multilaterais sigam nessa direção em suas regiões.

Atuação conjunta amplia resultado

Essa realocação de ativos dos países no FMI como fonte para financiamentos híbridos de bancos multilaterais de desenvolvimento foi aprovado em maio deste ano. Pelos cálculos do BID, que desenvolveu o mecanismo juntamente com o Banco Africano de Desenvolvimento, cada R$ 7 bilhões em recursos adicionais para cada US$ 1 bilhão vindos do FMI permitiria, por exemplo, garantir transferência de renda a quatro milhões de famílias em pobreza extrema ou garantir atendimento e intervenções em nutrição materna, neonatal e infantil a 1,3 milhão de mães e crianças.

A reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento, que acaba de ser aprovada com o objetivo de ajudar essas instituições a aumentar investimentos em projetos sustentáveis e o desenvolvimento global, é vista por Ilan como chave tanto para impulsionar iniciativas de impacto social quanto climático.

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— Nós trabalhávamos muito cada um por si. Sentamos, 11 grandes bancos, incluindo o Banco Mundial e o Banco dos Brics, e fizemos uma transformação para que a gente trabalhe junto. Tiramos uma nova visão, com 16 iniciativas concretas — disse Ilan. — Já conseguimos mais US$ 400 bilhões em nossos balanços para emprestar nos próximos dez anos.

Foco em mudanças climáticas

Os bancos multilaterais estão unidos também em frentes de combate a mudanças climáticas. Durante a Conferência do Clima da ONU do Azerbaijão (COP29), nesta semana, eles anunciaram US$ 120 bilhões em recursos em financiamento climático, havendo ainda US$ 65 bilhões vindos do setor privado com foco em países pobres. O BID colaborou com uma fatia de US$ 11,3 bilhões nesse total anunciado na COP29 até 2030.

Questionado se a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos poderiam impactar a atuação do BID, Ilan respondeu que a instituição trabalha “com todos os governos”.

— Temos prioridades que os países querem adotar. E sempre tivemos formas de trabalhar com os 26 países da América Latina e do Caribe, mesmo sem que eles compartilhem das mesmas ideias — afirmou.

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Em relação à cooperação com a Argentina sob o governo de Javier Milei, o presidente do BID explicou que a instituição vem colaborando com recursos para frentes com o eficiência do gasto público e as mudanças na política fiscal sempre com foco “na proteção dos mais vulneráveis”.

Ilan chamou a atenção ainda para a capacidade do banco de impulsionar investimentos com a colaboração do setor privado. Isso pode ser feito, inclusive, ajudando as municipalidades a avançarem em regulação e melhora no ambiente de negócios para atrair a confiança da iniciativa privada, vista por ele como fundamental em casos de alto endividamento do setor público.

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