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Vacina contra dengue já está disponível, mas uso no SUS é incerto

As primeiras doses da vacina contra a dengue já estão disponíveis em hospitais e clínicas particulares no Brasil, mas o futuro do imunizante no Sistema Único de Saúde (SUS) é incerto. Desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, a Qdenga tem eficácia de 80% contra qualquer sorotipo da doença e pode aliviar a forte pressão exercida pela doença transmitida pelo mosquito da dengue na saúde brasileira.

No país, a Qdenga obteve a autorização de uso da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março. Passados praticamente três meses, a vacina já está disponível para o uso de alguns grupos com acesso à saúde privada. A questão é entender como e se o imunizante será aplicado gratuitamente no SUS. Caso aconteça, a fórmula só chegará no ano que vem.

O que o Ministério da Saúde pensa sobre a vacina da dengue?

Em nota, o Ministério da Saúde afirma não ter posicionamento contrário sobre a nova vacina da dengue como havia sido divulgado anteriormente. No entanto, o uso de um novo imunizante leva tempo para ser implementado na rede pública, e todo esse processo só será iniciado quando a empresa responsável protocolar um pedido de incorporação no SUS — o que ainda não ocorreu. A partir disso, inúmeras análises serão realizadas.

“A adoção no SUS de um imunizante contra a dengue dependerá, exclusivamente, de critérios científicos, tecnológicos e do processo institucional definido em lei para garantir o acesso das pessoas em bases sustentáveis, podendo haver produtos importados ou produzidos localmente”, acrescenta a pasta.

Quanto tempo leva para o SUS incorporar uma nova vacina?

Quando a Takeda protocolar o pedido de incorporação da vacina contra a dengue no SUS, a questão será avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Basicamente, os membros da comissão irão revisar todos os dados sobre eficácia e segurança do novo imunizante.

Em média, o tempo de análise da Conitec é de 180 dias após a solicitação do pedido. O prazo final ainda pode ser prorrogado por mais 90 dias, somando um período total de nove meses (270 dias). Caso a responsável pela Qdenga solicite ainda este mês, a decisão final poderá ser obtida entre abril e maio de 2024.

SUS pode optar por vacina nacional contra a dengue

Outro ponto levantado pelo Ministério da Saúde é a preferência, mas não exclusividade por vacinas produzidas nacionalmente. No momento, o Instituto Butantan já desenvolve uma imunizante próprio contra a dengue, que deve ser concluído em dezembro de 2024.

“O Ministério da Saúde tem uma política de garantir a produção nacional, evitando a tragédia observada na pandemia da covid-19, quando faltaram ventiladores e até equipamentos de proteção individual elementares”, pontua a pasta. Por outro lado, “jamais essa orientação será em detrimento do acesso da população a tecnologias eficazes e com possibilidade de aquisição pelo SUS”, complementa. Então, se o imunizante for eficiente, ele deve chegar ao sistema público de saúde.

Quem pode tomar a vacina Qdenga contra a dengue?

Para Raphael Rangel, biomédico virologista e professor do Centro Universitário IBMR, a imunização contra a doença deve ser encarada como uma missão relevante no Brasil, considerando que o país é endêmico para a arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. “Infelizmente, dentre as arboviroses, a dengue leva muitas pessoas ao óbito devido a sua versão hemorrágica”, pontua.

A principal vantagem da vacina Qdenga é que ela protege contra os quatro sorotipos da dengue. “Então, mesmo que a pessoa pegue a dengue do sorotipo um, que é o mais brando, ou pegue a do sorotipo da hemorrágica, certamente, [a imunização] vai evitar os óbitos”, complementa Rangel.

Quanto custa a vacina da dengue?

No caso da Qdenga, a pessoa está imunizada após receber duas doses da vacina, sendo que cada dose custa entre R$ 400 e R$ 500, dependendo da clínica privada de saúde. A vacina pode ser aplicada em crianças acima de 4 anos, adolescentes e adultos até 60 anos.

Fonte: Com informações de O Globo e Ministério da Saúde 

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