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Bard, o ChatGPT do Google, chega ao Brasil; conheça a IA e seus riscos

Unsplash/Kai Wenzel

Google libera Bard no Brasil

Menos de quatro meses após a estreia nos Estados Unidos
, o Google liberou nesta quinta-feira (13) o acesso ao Bard no Brasil. A ferramenta de inteligência artificial (IA), que concorre com o ChatGPT
, está disponível em 40 idiomas, incluindo o português brasileiro.

O Bard funciona de forma bastante similar ao ChatGPT, conseguindo responder perguntas, resumir textos, dar ideias sobre diversos assuntos, escrever emails e muito mais.

Além da chegada ao Brasil, o Bard também está sendo liberado na União Europeia. O Google anunciou, ainda, algumas atualizações na ferramenta de IA. Confira:

  • Conversas recentes e fixadas: recurso permite que usuários fixem conversas na aba lateral do Bard, podendo revisitar as interações e continuar um mesmo assunto;
  • Respostas em voz alta: o Bard agora consegue ler as respostas em voz alta, o que ajuda tanto na acessibilidade quanto na possibilidade do usuário fazer outras tarefas enquanto ouve a IA;
  • Exportação de códigos Python para o Replit;
  • Compartilhamento: agora é possível compartilhar as respostas do Bard para outras pessoas em apps do Google e em redes sociais;
  • Modificar respostas: o Bard ganha novos botões para modificar as respostas, como alterar tom, estilo e fazer outras melhorias no texto;
  • Imagens no Google Lens: integração entre os dois serviços permite inserir imagens nas perguntas.

Por enquanto, os dois últimos recursos estão disponíveis apenas em inglês. Os demais já estão disponíveis junto com o lançamento do Bard no Brasil.

Os riscos da inteligência artificial

Por enquanto, o Bard está em fase experimental, e o Google ainda não tem previsão de quando o sistema pode deixar de ser um teste. Isso significa que a ferramenta pode mostrar respostas erradas ou violentas.

Bruno Pôssas, vice-presidente global de engenharia do Google, explica que o Bard tem, atualmente, três desafios principais. O primeiro é o preconceito, ou seja, a inteligência artificial pode reproduzir preconceitos que aprende com os conteúdos que analisa da web, devolvendo comentários enviesados para os usuários.

O segundo problema são as chamadas “alucinações”. Nesse caso, o que o Bard faz é trazer respostas muito bem argumentadas e convincentes, mas sem qualquer ancoragem nos fatos. Na prática, a inteligência artificial pode desinformar os usuários.

O terceiro desafio são as respostas ofensivas. Assim como no caso do preconceito, o Bard pode aprender a ser violento, respondendo os usuários de forma ofensiva.

Ao acessar o Bard, o Google avisa os usuários que a ferramenta “é experimental e pode apresentar respostas imprecisas ou inadequadas”.

Segundo Bruno, a empresa segue uma série de princípios éticos para evitar que esses problemas aconteçam, incluindo revisão realizada por humanos. Isso significa que o Bard não aprende apenas através das informações que coleta na web, mas também através de comandos que a equipe do Google insere para que a IA entenda o que são bons ou maus exemplos.

Reportagem da Bloomberg aponta que, nos Estados Unidos, os funcionários que treinam o Bard vivem uma rotina estressante, além de receberam baixos salários. Sem formação técnica, eles revisam respostas da IA com prazos bastante apertados – há revisões, por exemplo, que devem ser feitas em três minutos, segundo a reportagem.

Bard: já era hora de lançar?

Antes de chegar ao Brasil, o Google afirma que o Bard passou por revisores brasileiros, contando com especialistas, legisladores e reguladores – a empresa diz não poder compartilhar as entidades envolvidas nos testes. “Ao longo desses três meses [desde o lançamento nos Estados Unidos], não só esses parceiros, mas a nossa comunidade de colaboradores internos brasileiros testou exaustivamente de maneira colaborativa esses comandos”, afirmou Leonardo Longo, gerente sênior de marketing de produto do Google para a América Latina, em coletiva de imprensa.

Além do Brasil, a União Europeia também teve que esperar para receber o Bard. Como as leis locais de produtos de tecnologia e de inteligência artificial são conhecidas por serem mais rígidas, é provável que processos similares também tenham sido realizados no bloco.

Apesar das revisões, o Google admite que o Bard ainda tem problemas, como os citados por Bruno. Mesmo assim, expandiu a disponibilidade da IA após menos de quatro meses da chegada aos Estados Unidos.

“Ao mesmo tempo que a gente entende que existe uma oportunidade enorme em relação à IA generativa, e que gente pode investir nisso e trazer uma experiência muito boa para os usuários, a gente entende, sim, que essa tecnologia ainda está bem no início. Então a gente tem uma série de questões que podem gerar impactos significativos, que vão precisar ser melhoradas e discutidas”, afirmou Claudia Tozetto, gerente de comunicação e relações públicas do Google Brasil.

Segundo Claudia, a chegada da ferramenta ao Brasil aconteceu porque a empresa precisa do feedback dos usuários para que o sistema avance – mesmo que isso signifique disponibilizar um sistema potencialmente prejudicial a centenas de milhões de pessoas.

“O Google tem levado muito a sério essa responsabilidade de oferecer uma ótima experiência para os usuários e, nas nossas plataformas, a gente tem essa mentalidade de sempre ouvir o feedback para melhorar. A gente está sendo muito responsável e cauteloso na forma como testa o produto, mas a gente quer muito ouvir o feedback da comunidade de usuários, e a gente está muito comprometido em continuar melhorando”, completou.

Questionada sobre a possibilidade do Google ter acelerado o lançamento do Bard para competir com o ChatGPT, Claudia disse que a empresa não faz comentários sobre a concorrência.

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