A campanha publicitária em homenagem aos 70 anos da Volkswagen no Brasil viralizou nas redes sociais ao trazer um encontro entre a cantora Maria Rita e um deepfake de Elis Regina desenvolvida por inteligência artificial.
No vídeo, ambas cantam uma versão da música “Como Nossos Pais”, lançada por Belchior e eternizada na voz de Elis. O modelo digital da cantora surpreende pelo realismo, com muita atenção aos detalhes e expressões faciais.
Como o modelo de Elis Regina foi criado?
A Elis Regina vista no comercial surgiu após a combinação entre IA para reconhecimento facial e movimentos de uma dublê. O projeto do vídeo é de autoria da agência AlmapBBDO, com produção pela Boiler Filmes e parceria com uma empresa de pós-produção dos Estados Unidos, especializada na indústria cinematográfica de Hollywood.
A principal tecnologia usada foi deepfake, recurso que emprega inteligência artificial para modificar ou sobrepor um rosto digital sobre uma imagem real. O sistema passa a ser alimentado por várias imagens da mesma pessoa e cria um resultado muito próximo do realismo.
A ação comercial usou uma tecnologia um pouco diferente dos casos convencionais: nesse caso, a IA foi treinada para reconhecer as expressões faciais específicas de Elis Regina e aplicá-las sobre a imagem da dublê. Em outros projetos, é mais comum treinar aa inteligência artificial com dados genéricos e pré-existentes.
Após a gravação, foi possível combinar os movimentos de Elis Regina e sobrepor a versão digital com a atuação da duble, criando um aspecto de realismo. Segundo o UOL, o papel foi interpretado pela atriz Ana Rios.
O projeto total durou 108 dias, com 2.454 horas de produção. Além do deepfake, a Volkswagen utilizou a voz original de Elis Regina na canção. Você pode conferir o resultado a seguir:
IA na publicidade
Mesmo sem tantos exemplos de uso de IA para comerciais, a Volkswagen recorreu ao tema para abordar a inovação. “Esse encontro de mãe e filha entre Elis Regina e Maria Rita, além de emocionar, também reforça o DNA da marca em tecnologia e inovação, trazendo o uso de inteligência artificial treinada para fazer o reconhecimento facial de Elis”, explica a gerente executiva de Marketing Comunicação da Volkswagen do Brasil e SAM, Livia Kinoshita.
O comercial se destaca pelo realismo da recriação de Elis Regina, mas também abre um debate sobre como usar o deepfake nessas situações. Publicitário e professor do curso de Comunicação e Publicidade da ESPM Rio, Luiz Cavalheiros faz a ressalva: “em uma publicidade sem limites, pode-se usar um deepfake para o bem ou para o mal. E surge outra questão que é sobre direitos autorais, uma vez que a IA faz parte do processo criativo”.
Além da publicação online, o comercial foi veiculado na TV aberta.