Quase três anos após a suposta descoberta de fosfina em Vênus, os autores do trabalho original retornaram com muitas informações adicionais, apresentando mais sinais da presença de tal molécula nas nuvens venusianas. Os novos dados incluem centenas de horas de observações e trazem maior robustez para o estudo anterior, que gerou polêmica e não bateu martelo algum.
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Em 2020, os astrônomos ficaram atônitos com o anúncio da possível descoberta de fosfina na atmosfera de Vênus. A declaração veio com a publicação de um artigo na revista Nature Astronomy, liderado por Jane S. Greaves (astrobióloga da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Cardiff), e se tornou rapidamente um dos assuntos mais debatidos entre os astrônomos de todo o mundo.
O que fosfina tem a ver com vida em Vênus?
A fosfina é considerada uma bioassinatura porque, na Terra, ela está associada a bactérias, sendo produzida apenas por microorganismos que vivem em um ambiente com pouco oxigênio. A única exceção que conhecemos é a produção por meios industriais.
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Então, caso a fosfina seja mesmo produzida em Vênus, pode significar que alguma dessas coisas muito impressionantes estão ocorrendo no planeta: as nuvens estão realizando processos abióticos (sem envolver seres vivos) completamente desconhecidos, ou existe vida microscópica na atmosfera de lá.
Na época do primeiro estudo, pesquisadores analisaram os dados apresentados e chegaram a conclusões menos animadoras. Alguns artigos apontaram que os sinais observados em Vênus seriam, na verdade, moléculas de dióxido de enxofre, enquanto outros argumentam que não havia “evidências estatísticas” o suficiente.
Agora, Greaves e seus colegas publicaram outro estudo usando 200 horas de observações do observatório James Clerk Maxwell Telescope (JCMT)k, localizado no Havaí. Para comparação, a pesquisa de 2020 contou com apenas oito horas de dados para a detecção. Agora, eles também utilizaram dados do observatório estratosférico SOFIA, da NASA — que anteriormente foi usado para refutar o estudo original, por sinal.
No total, Greaves e sua equipe obtiveram “cinco detecções [de fosfina] nos últimos anos, de três conjuntos diferentes de instrumentos e de muitos métodos de processamento de dados”. Em uma entrevista, Greaves afirmou que isso é uma pista de existir “uma fonte constante da molécula dentro ou abaixo das nuvens de Vênus”.
Também foi dito pelos autores que essas moléculas estão “se movendo muito rápido”. “Estamos olhando para o topo das nuvens, ou mesmo para o meio das nuvens, e esta é a primeira vez que conseguimos fazer isso”, afirmou Greaves. Ela também revelou que pode haver vestígios de fosfina em dados da sonda orbital Pioneer Venus 1, da NASA, coletados em 1978.
Ainda assim, nada disso ainda é suficiente para afirmar que existe fosfina em Vênus. A melhor chance de comprovar essas conclusões é por meio das futuras missões robótica enviadas ao planeta vizinho. Uma delas, chamada DAVINCI+, deve ser lançada em 2029 com previsão de chegar à atmosfera venusiana só em 2031. Até lá, pode ser que a dúvida sobre existir ou não fosfina em Vênus continue no ar — bem como as especulações quanto à possibilidade de existir algum tipo de vida por lá.
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